8.2.10

hello stranger

todos sabiam que isso um dia ia acontecer:
o cubo se desfez: i'm all gratitude, but
o lugar agora é alforria blues, com vocês

6.2.10

fragmentos de uma carta não feita

tenho pensado muito em você, nesses dias como hoje que falta tão pouco pra entregar os textos mais difíceis que já fiz pra uma faculdade que eu nem sei bem porque estou nela e que estou no terceiro café pra conseguir terminá-los. isso porque eu nunca deixo pra depois. isso porque eu paro no segundo..

tenho pensado muito em você e na sua angústia do outro. vejo que em vários pontos você tinha mais razão. não é possível integrá-lo. espero que você também tenha chegado ao abismo do seu ponto de individuação e percebido que a gente só existe é no equilíbrio, como respirar.

tenho pensado muito em você quando descubro uma delicadeza desesperada e me entrego ao colchão como sei que você fazia tão menos a porta se fechava e estava tão só com teus cabelos tão finos.

desde que descobri a ferocidade do recuar você está em todos os meus sonhos. tenho esquecido muito você sobretudo porque sei que você não pára também de pensar em mim.

a nota que você iria explodir de rir ao final: noite dessas sonhei que meu coração explodia.
meu pai disse que eu não sei esperar. acho que foi por isso ele me deu um bovino japonês que é indistinto, não sabemos pra que serve, nem se é boi, touro, vaca, mamute. mas ele tem um lacinho vermelho e lado a lado estamos, esperando o carnaval passar. com a pulseira laranja que ele me deu também. vamos todos terminar um texto.

5.2.10

segredo

vou contar um segredo pra vocês: o scroll na tela do word é o que faz a minha ilusão de que os textos têm que ser contínuos pra serem compreendidos. à mão me adquire melhor a estratégia do informe. meu corpo (pensamento) vai pra todo lado sem o lodo da linha que se obriga. eu vou comprar água. pasto, pasto.

4.2.10

amor

when I was a child I'd like to have a horse or a guitar.
love came after.

todos os meninos sempre quiseram estar sozinhos.

2.2.10

ofereci meu coração as feras distraídas do mundo

essa sinceridade ainda vai destelhar a cidade


#













#


31.1.10

my heart belongs to



todos os poetas um dia foram crianças
estamos sozinhos aqui, meu bem, não posso falar por você
sou puro segredo, gratidão
mas agora vou contar a sua história.

30.1.10

o fim às vezes faz um silêncio tão
que eu não quero nem tocar em nada
porque é como viajar, morar.

tem certas distâncias que a gente só percebe nas coisas.

e é um prazer, em vez de conhecer uma, não sei, catedral? no dia de hoje (inverno, adeus, vá) ter que escrever sobre drummond e eliot,

cada vida que a gente se mete, viu

cada bolso, esquina, cavalo.

estar num país estrangeiro e ter acesso ao uso irrestrito dos acentos da minha língua me faz esquecer que a gente pode ter que de repente, escrever paìs pra diferenciar de pais, na falta que tantas vezes um agudo faz

--

não, não tem lirismo, eu que estou tentando.


28.1.10

how to not corrupt a child

quando eu tinha 12 anos lemos na sala de aula (a 6a série) um poema do manuel bandeira. não me pergunte qual. não sei se penso em pipocas porque elas eram praticamente a minha vida na altura ou se manuel bandeira realmente tem um poema que fale de pipoca. mas, o que me importa é que falei para a professora ao fim da aula mas professora, poesia não tem que ter rima? eu, que escrevia histórias em prosa naqueles anos e a isso pretendo voltar. ela olhou muito séria e riu, me disse não, já faz um tempo que não precisa não. aquilo foi uma liberdade sem tamanho. naquele ano a antologia dos alunos ficou povoada de uns 5 ou seis poemas meus. lembro que um falava de

tiro na jarra-corpo
bem no coração

e era mais físico o tiro explodindo no corpo e o sangue líquido estourando (por isso a "jarra" ) do que uma emoção. mas não é isso que me importa, o que eu me pergunto agora é: da onde é que eu tinha tirado essa idéia de que os poemas precisam de rimas?

#

a frase que meu analista passou cerca de um ano ou dois me dizendo quando eu tinha por volta de 20 anos era "afirme o seu desejo". antes de ontem, olhando as rachaduras do teto, BANG! entendi. quer dizer, eu achava que entendia, mas entendi. entendi porque inflou em mim um sopro, foi o que ele dizia o que fiz nos últimos 5 anos. e percebi que ele tinha razão, e por isso a ele sou toda dádiva, tanto acúmulo. e, mais, porque fazendo, o máximo que pode acontecer é não dar certo. colocado o búfalo atirado do meu coração, agora donde estará aquela leveza do recuar? ou: primeira lição da humildade: desejo troca-se, de nada adianta forçar o molde, joga ele fora! beijo pro meu brasil brasileiro.

#
,

27.1.10

amor

alguém me arranja um cavalo e um império, se não vou virar napoleão.

26.1.10

sou apenas um cavalo
o mundo não vale o mundo, meu bem
e no entanto, é ele quem me leva

o cavalo (que vive por mim) abre mão
de ter cascos, patas, coices
mas de correr no sol, não

e quando alguém sonha e confunde
o amor comigo, comigo o amor
infundido, infindável, é o cavalo

liberto o peito no trato.

25.1.10

quando o dia começa com alguém com notícias de longe, há muito tempo não ditas, posso saber que vai ser todo um chegar de correspondências soltas por hoje

24.1.10

S2




graaaaaaaaaau

minha mãe me deu ao mundo
de maneira singular
me dizendo uma setença
pra eu sempre pedir licença
mas nunca deixar de entrar

23.1.10

é, quando o sentido restitui a vontade

a ironia é horas atrás ter escrito aqui "esquecimento" e faz dias pensar que horror já faz quase 5 meses que estou em Lisboa e o que foi que eu vivi até agora? e não saber o tanto. e ir pegar os rolos de filme (três) dos últimos (três) meses que deixei pra revelar ontem e encontrar todas as fotos veladas,

luz demais na memória, apaga.

esquecimento

toda vez que em portugal leio t.s. eliot o quarto toma tons avermelhados. e é o acaso, outra vez de um lençol na cama, ou hoje de um cobertor cor-de-rosa pendurado pra secar na janela do vizinho, reflete aqui. como teve uma vez que clarice lispector reluzia com a prateada luz da janela inox que batia.

ninguém tem culpa.

- -

é urgente: ler, dançar, abraçar e escrever.

22.1.10

oi, amigo.

tou bem, viu.

raiva era superfície.

é sempre meu modo de voltar à tona.

beijo,

20.1.10

se o que eu tivesse, fosse um gato, abria pela janela. se sentava entre as conchas. há meses que não tiro o pó de tudo. se já estou aqui, não sei pelo que estou esperando. de repente ficaram tantos os modos de dizer, por aqui: essa janela, meu texto de salto alto. quem lê?

diga a verdade: já cheguei no paradigma da dívida. outra vez, vezes três, dá zero. é a barriga que grita, querendo roçar de barriga com roçar de barriga, não sou eu. te juro: gosto mais de você do que dessa cenoura. no inverno me disseram: não coma alimentos crús.

e algo tão intenso, eu tão besta, tipo algo simples como um encontro de mãos dadas vira um estrondo de maremoto, o sonho que me corrói a vida. o sonho oxida a vida. o SOnhomeoxida. desculpe, leitor, desculpe, meu amigo.

quem me conhece sabe: sou um mononstro traidor. eu mudo de idéia. eu não consigo acreditar por muito tempo em nada. sobretudo. sobretudo. digo assim: quem sabe se eu destruir agora tudo onde eu já cheguei, onde só a raiva me vencer em não me vencer, (alguma esperança aqui que de tudo floresça o tudo,/ que onde quer que eu vá carregue nos olhos uma imagem calma.) por que é que a gente atravessa o atlântico pra ter a avenida rebouças demais nos olhos?

eu tou mesmo é precisando fuder com tudo, flertar com tudo até o fim. dizer assim: não quer;/vai ficar sem. quer/ não te dou também. acabou o paradigma da bondade, acabou o paradigma do sonho, acabou o paradigma da verdade/ acabou o paradigma da honestidade/ acabou o paradigma do amor/ acabou. me desclassifiquem junto com ele. se ainda há alguma chance de de mim ouvirem alguma coisa vai ter que ser desse jeito: zumbido. todo mundo briga um pouco. eu não tenho idade, tá me entendendo?, eu não tenho idade pra entender as coisas.

eunãotenhoidadeprasóverefalardebeleza, amor.

eu sou a morte, eu tenho saudades de mim mesma, morro de saudades de mim mesma, saudades de mim mesma.

não se trata aqui de estética do abismo/; figuração da sinceridade, o caccete.;/ eu odeio a questão das coisas, eu odeio a questão das coisas: eu quero um mundo plano é já, eu ordenei, alguém tinha que fazer alguma coisa com isso. não, eu não estou falando sozinha. não, não estou fazendo sozinha. não me importo em ceder. mas às vezes não percebo. e antes de dissolver, daí fico ca-t-a-log-ando.

FORME OS GRUPOS

cor -- - - - - - -- - - bicho
saúva - - - - - - - --abismo

depois então eu cedo, penso: mas essa questão da realidade x ilusão pelo amor de deus, que questão primária. NÃO TEM RESPOSTA. entendeu? NÃO TEM RESPOSTA. o empobrecimento das respostas, eu não quero essa vulgaridade. NÃO TEM RESPOSTA.

época de merda do cacete todo mundo procurando guia/ estrela, itálico, talismã. / eu desconfio de tudo. quero te dizer: presta atenção. atravessa sempre a rua desse seu jeito de quem está indo pra onde está indo e conhece os dois lados, mas não olhou. tudo está ali desse lado mesmo e do outro. eu vou correndo, pegar o eléctrico que for.

superstar com você.
sem timbre de dor, aqui.
meu amor, sem timbre de dor.

convívio

estar em paris, definitivamente, essa cidade em que não estamos. quando eu não conhecia a generosidade do amor era mais fácil brutalizar-me num espelho partido: dizer: esta imagem é tua, amor, quebra tacape leva, fogueira. mas agora o que arde é aqui, peito rasante, como um chiclete de menta, ou o traço que leva e levanta, cava no teu sorriso, nuvem, nuvem.

16.1.10

portugal

"ondequetáoquê?noconcelhodaonde?"

bernardo

14.1.10

voltei a alguma coisa grande. e começou de novo. não sei direito. compartilhar o aeroporto, o dia que percebi que morava sozinha, o aeroporto de novo, quase me pegaram, ouvir friday i'm in love ter quebrado o intervalo entre ação e vontade, ou movimento e escândalo, uma manhã no Porto, uma chuva discutida embaixo da chuva como é que chove?, ou de madrugada no albergue abrir os olhos e ter uma sueca ao meu lado e a central do brasil pela janela, pensar em smiths e sentir um cristal quente e branco e luminoso entre os meus seios, abacate com limão e açúcar na novidade que é, ou pequena minha mãe na beira da piscina me alimentava com pimentão, depois fiquei 15 anos sem comê-los que me davam dor de cabeça e aqui em portugal eles são pimentos, ou eu e o bernardo ainda não entendemos porque algumas lojas espalham seus produtos pelo chão na madrugada (esse é o grande segredo que a europa nos confiou mas ainda não contou) e depois uma outra coisa que eu não disse, ou disse demais, e a certeza de que o outro da minha cabeça tem que jogar a favor, se não jogo ele fora, escrever e escrever ou escrever ou/e escrever, e a certeza também de novo que se algo nos desviar (ou não) será sempre o amor, maior, amor e a certeza não era essa! a certeza é a primavera, não lembro mais como eu disse, mas é das poucas coisas que se pode esperar, a passagem do tempo na alternância das estações, é um horizonte que se aproxima. lembra?

9.1.10

brancas

das estrelas que explodes entre os dedos / nascem flores de papel

8.1.10

7.1.10

lisboa

essa mágica branca que me assopra

5.1.10

às vezes, no amor

eu me sinto assim

meu nome é gal

completo 26 anos daqui uma semana

4.1.10

ah se as palavras nos deslocassem

é preciso preservar o sim?

3.1.10

os homens nasciam e se enchiam de coisas, eu só conseguia falar se não fizesse sentido com o que havia sido dito imediatamente antes.

meu corpo era inteiro ele, uma ladainha só.

fui fazer vácuo na banheira, o pato me comeu, ladrão! ladrão.

tinha uma espécie de fuga na solidão do texto. eu tinha uma espécie de crença na maleabilidade das palavras num texto, não me importava com as idéias. de repente: crise!!!!!! crise!!!! conteúdo.

#


31.12.09

retrospectiva

quando eu for escritora, uma coisa que eu gostava de fazer, além de ganhar o Nobel, é escrever crônicas. é um gênero cabisbaixo, sabem vocês, cabe o maleável achar de velha, escreveria crônicas épicas, denunciando a política, e quando me cansasse com as bixigas d'água dos sobrinhos contaria como eu também um dia já acordei fumando droga e passei assim, semanas, até aprender a escrever, mas que não, escrever não é salvação nenhuma, a única salvação possível é a vida.

#

além de que um jornal poderia pagar por isso, bom seriam os dias temáticos. mas mantendo algum lirismo juvenil escreveria, por exemplo, no 31 de dezembro, pela habilitação do último dia do ano como um dia em si importante e não mais NUNCA MAIS um dia de véspera.

etc.

enquanto isso não acontece,



quem não dançar assim em 2010 tá com nada, não

#

passei o ano-novo de 2009 para 2010 em angra dos reis, era um baile de máscaras. teve show do latino (!) e, antes disso, a virada do ano. estava longe de todos meus conhecidos na contagem regressiva, fui pra perto de um cais, e, num impulso, no 3, 2, 1 FELIZ ANO-NOVO tirei a máscara que estava no meu rosto e foi como se tirasse um véu, de que 2009 poderia ser como quisesse. sempre é, afinal. chorei no gesto, também porque o poeta é um fingidor, porque cargas d'água tava eu tirando máscara?

daí no dia 4 escrevi isso

reveillon ou poética para um artista do fracasso

Sei que posso ser salsugem na margem de outro
ou rabugem em mim que isso lá é mentira de poeta
então estalo os dedos,
por favor, anjo surdo
traga-me outra fumaça
me dê outra maneira
de fúria, adivinhação e máscara
quem sabe pintura, esgrima?
carruagem ou esquadro
ou tipo um jogo de tirar palavras
num amigo-secreto
quem perder primeiro o dadáme
a roupa que me ganha
num estouro de borbulhante
de primeiro do ano beba, babe
na boca, mergulho no mar
feito um gargalo de garrafa
se abrindo o peito enquanto engulo
toda a sua vaga, enamorado.


#

splash!


daí teve meu aniversário, a gente adora símbalo, fez baile de máscaras!



isso dia 12.

ganhei os presentes mais legais, incluindo um lápis peludo de oncinha.

#

depois teve um ano todinho.

#

agora chega, tenho que ir comprar camarão pra moqueca de hoje à noite.

de 2010 tenho medo e vontade. um ano que por um lado é o dobro, e por outro, metade. deve ser bom.

pra todos nós, cheers! & amor que venga!

28.12.09

te dou

estive perto das ondas o dia todo
não sabia delas se voltava
a mim me partia
como um cavalo sitiada

escolhi, espero
tudo o que é vago
pra começar em aberto
um iate, ateliê, morango

pro ano que vem/ tudo, tudo quero.

cem sugestões para o inverno

sugar o sol
sardas, céu

27.12.09

sonhei que eu estava numa casa, com o meu pai, a gente entrava nela porque eu pensava que era a casa que aparecia em todos os meus sonhos e onde tinha um alçapão lá no alto do alto onde era o meu inconsciente e então daí eu morria de medo. a porta de entrada nem abria nem fechava direito, pegava no piso e fazia nhhhhaaaam. lá dentro tudo parecia ser de alguém que era um ninguém. as casas sem personalidades das pessoas, a minha, não. e tinham cachorros. todos os cachorros do mundo que eu já tive estavam morando lá dentro, como uma espécie de canil ou asilo, uns 15 cachorros. quantos cachorros eu tive desde que nasci? estavam todos lá. e eu ia entrando e subindo pela casa (sobrado, uns 4, 5 andares) reconhecendo que aquela casa era de alguém e que talvez eu não devesse estar lá, mas algo me impelia em acreditar que talvez eu encontrasse a chave, como naquele poema do Drummond "trouxeste a chave?" e ia subindo as escadas. meu pai bem me incentivava daquele jeito dele inseguro, que sabe também que não deveríamos lá estar, mas segura a negativa, ou se lança em por que não?, e quando chegamos lá no alto tinha uma vista linda, vista essa que sempre tem o meu inconsciente, é uma vista pros Jardins como se olhasse do Jockey Club e apagasse a Marginal Pinheiros. é um lugar que não sei se já vi, já estive, mas o sonho aumenta as formas. mas eu fechei a janela, não queria ver SP. então lá do alto ouvímos que alguém abriu a porta nhhaaaam, desci preocupada tentando falar, mas minha voz não saía. até que eu disse "com licença", dentro de mim eu não conseguia falar isso, daí disse "estamos aqui!" e minha voz saiu, enfim, rouca. a 2a coisa que eu disse foi "estou rouca" e ri falsamente, para quem estava ali, a cunhada da minha cunhada, alguém assim? que nem sei quem é, mas a gente sorri. daí percebi que era dela a obrigação de ir cuidar dos cachorros. sentei no sofá como se nada estivesse acontecendo (e nada estavva, mesmo) e usei a técnica dos que amam os bichos e os entendem e os usam, enfiei a cabeça na frô, a minha cachorra querida, enquanto ela me lambia e eu apertava a cabeça dela. como que pensando, ah cachorros sim sabem ser tontos. e disse pro meu pai "quando eu morar em Lisboa vou ter um cachorro", meu pai riu "sim, vai ter sim" e eu acordei, onde estou onde estou? em Lisboa, não tenho cachorro.

26.12.09

revendo a chuva me arrecordo



se a safra não atrapalhar meus planos



23.12.09

quando 2010 chegar

ele bate na porta
eu GRITO
ele abre a janela
eu fecho a CORTINA
ele rasga a cortina
eu beijo ele na BOCA!!!

22.12.09

tradução espontânea

não bate mais
a poesia, a droga, o amor
deve ser
deve ser o inverno
deve ser capricórnio
deve ser o fim
deve ser o fim

mentiram pra você
depois não tem começo
mentiram pra nós
depois não tem começo
mentiram pro jejum
depois não tem começo
mentiram pra minha barriga
depois não tem começo
oh yeah
mentiram pra mentira

baila, baila, baila
é quase janeiro
as coisas já não te atingem
as coisas já não
as coisas

caetano veloso ou arnaldo antunes já utilizaram essa forma de as coisas as coisas têm as coisas têm peso as coisas têm peso massa e volume

uma talvez júlia não tem nada com isso.



ou talvez entregar tanto
hoje de manhã quando acordei do trem
chorei chorei de amor
chorei chorei
até não ter dó de mim
semana passada dormi 4 horas por noite
todos os dias
todos os dias
até encontrar o reset das formas
e de ontem pra hoje das 20h às 9h
encontrei as formas tão arredondadas de prazer
a simples dormência de tudo
Lisboa é como o Caribe
gostar de você é como da luz
gostar é gostar não tem nada mais
nada menos
com você me sinto bem
oh you pretty things
vera me diz que amor é paciência e vice-versa
leio o wisnik o nancy
não quero ninguém
não quero ninguém
hoje não tem fernando pessoa
hoje tem TODO MUNDO

todo mundo a gente vai dar uma FESTA FESTA FESTA

duas três quatro FESTAS FESTAS FESTAS

eu ainda não sei em que festa vou porque estou em todas
eu sou a voz do universo, vocÊ ainda não percebeu?

faço assim: uuuuuuuuuuuu
e não estou no estrangeiro, ou no superior. estou no centro do liquidificador.

escrevo aqui só pra não ter que abrir o caderno. o caderno me deixa metafísica. daqui eu desbanco tudo, do alto desse blogue muro é você

muro é você que me lê e acha que sabe do que eu estou falando.

todo muro é cheio de propriedade.

vamos dançar a propriedade das coisas?

do lado de lá ficam os filósofos. do de cá os poetas pendurados em cachos de bananas.
eu estou no centro. eu não cedo o sentido. eu invento. eu não tenho nenhum compromisso com você nem com a tradição. mesmo a paranóia, eu larguei pra ela que ainda faz análise. mesmo a paranóia, veja bem, alucinação, MESMO A PARANÓIA é pro ano passado.

2010!!! o primeiro ano da década. o último ano da década. 2010. 2010.
metade prum lado e dobro pro outro! tou do lado dos dobros e das metades.

sou como uma camisa engomada.
um homem passou com a mesma camisa que você.
você me pergunta "ele era tão lindo como a camisa?"
"só a tua boca".
digo "alto."
digo ALTO.

ALTO.

meus padrões são des-educados. eu sei. cresci com um cacho de bananas e faço questão de lembrar que sou amável, amadora, amante, amiga, rasante.

sou um back.
back and forward.
nem vem que eu sou hetero. nem bem sou homem.
tou pra lá da negritude.
sou um talude.
que quer dizer talude?

n substantivo masculino
1 inclinação na superfície lateral de um aterro, de um muro ou de qualquer obra; rampa
2 terreno em declive; escarpa
3 Rubrica: construção.
posição de acomodação de um terreno após sua terraplenagem
4 Rubrica: artes gráficas.
m.q. rebarba ('espaço')
5 Rubrica: artes gráficas.
cada uma das minúsculas paredes laterais nas cavidades de um clichê de fotogravura
6 Rubrica: topografia.
grau de clivo em que se encontra um terreno, um monte etc.; rampa, escarpa


tu gostavas (?)
NÃO SEI USASR ESSA LÍNGUA ALGUÉM POR FAVOR ME CONCEDA UMA OUTRA


é como gostar da luz

sardas, boca, sugar
o sol.

15.12.09



faça por ele/ como se fosse por mim

13.12.09

tou na pós-

que a teoria não me endureça
que a teoria não me plasme muito
vamos de mãos dadas.

todos os minutos

(estou sempre desesperada de dúvida lá no fundo)

12.12.09

todo dia de madrugada na cama escrevo um poema
mas tão frio que está não consigo me levantar
a noite descarrilha a seqüência toda
de ontem só me lembro

você é um homem
ao qual nunca sobrevivi

sempre amanhece,

e que tinha uma imagem de pedras cristalinas que voassem como peras nuns ramos.

11.12.09

amor

9.12.09

navegar é preciso

procuro o nome do meu pai no google // googlo depois a minha mãe // quando ponho os dois juntos é quase nada // ... // se eu perdesse a memória e dependesse do google não descobria-os como um casal // percebo: de nada saberia deles juntos // reparo: muito menos saberia que se tratam dos meus pais!

portugal radical

estava eu no metro entraram duas professoras com um grupo de uns 16 alunos
os miúdos de 5 anos todos vestidos com calças azuis e agasalhos vermelhos
todos enfileirados de par em par sempre menino dando mão pra menina
sentaram-se cada 4 em duas cadeiras e é aquela festaria de criança né
todos calados quietinhos e mirando e o mundo uns riem de nada
outros prestam atenção e abrem a boca pro se calar profundo
um bando de malucos delícia crescendo pra todo lado



entra na outra ponta do vagão (que aqui é carruagem)
o cego da sanfona do metro (que aqui é acordeão)
em quem eu já pensava como toda uma instituição
(desconfio que o cego da sanfona tb tem um filho da sanfona só que não cego)

a professora então se põe a explicar o cego
o ceguinho a tocar a música e damos as moedinhas

pegou correndo a bolsa da outra professora
eu, que já havia cedido meu lugar pros miúdos
dei passagem ao cego no corredor
ele me disse muito obrigado

a outra com a bolsa uma moeda e disse pra criançada
agora a moedinha vai prali
e despejou no cofrinho de couro do ceguinho


o sorriso dos miúdos fascinados

tlim tlim.

8.12.09

02:57 eu: papai
taí?
papai
taí?
tava indo dormir te vi
aconteceu uma coisa engraçada comigo dia desses
02:59 eu tava aqui de repente me senti no brasil
me senti tremendamente no brasil, era fim de tarde
foi uma coisa impressionante
daí a música acabou
e era uma música argentina
trocou a música
e eu percebi q o q me fazia me sentir no brasil era a música
isso pq a música tinha gravado um bem te vi q se repetia
03:00 daí percebi q aqui não tem bem-te-vi
mas já são 3h da manhã aqui
eu vou dormir
03:01 beijos.
<3 saudades
ontem a gente foi na junta de freguesia ganhamos formulário carregamos telemóvel hiato íntimo fomos pra conferência que não existia depois existia depois tinha cadeira que pegar a luz azul era um lynch o guarda olhou assim O.O não vão ficar por que está cheio? daí vimos um carrão de velório e ficamos em dúvida se a redinha na janela era de verdade ou pintada (que era outro modo de ser verdade, só pensei agora) como se vê era de verdade veludão verde e o carro tinha uns trilhos fomos atrás do velório deve ser rico entramos na igreja quase que pela sacristia tinham folhas de árvore em toda parte eu tava angustiada a gente colocou os pés dentro e saltamos de lá pra internet tinha dois emails e o horário do cinema daí a gente desistiu e foi pegar o metrô daí a gente desistiu de novo e voltamos a pé pra queimar a minha angústia e o carvão vegetal dele daí chegamos em casa e hiato íntimo e convidaram prum café então a gente foi e não achou o estádio até que foram nos socorrer no miradouro e finalmente chegamos ao estádio e lá viraram cervejas e de lá descemos até o bairro onde encontramos uma promessa de concerto eu ri muito ele ficou bravo fomos até lá embaixo e eram uns punks de pantufas eu pulei um monte feito escorregasse no escorregador e então a lua estava pela metade alguém disse que já não sentia tanto tesão assim descobri que fresca e ficar nem sempre significam a mesma coisa e nem sei muito mais da vida a não ser quanta alegria vim sentindo tão elétrica demorei umas horas pra dormir e hoje cedo ai que dor nas costas.

por horas

você vai embora meus ouvidos ficam mastigando sua voz

7.12.09

lembrei quando eu te ligava e ainda não sabia o número de cor e só de abrir a página meu coração disputava entre tantos dígitos mas como a coragem caminha ou destrói o desejo e por entre nós sempre foi larga a rua você nunca sabia quem era quando atendia e também ficava louco por sem ter também tinha enfrentado aquelas hesitações e finalmente se sentia sem elas é tão mais fácil. depois foi um telefonema também, a última coisa que houve. mas a vida fluída, tão longa. a coluna vertebral do tempo é um fóssil vivo no fundo do oceano. queria me derrarmar nele pra fora das encostas colunares das agendas. entender que não tem data de validade. parece que vou mergulhar até encontrar o nunca-aparece a última coisa. hoje não ligo, não.

6.12.09

tão feliz quanto dispersa

o escorregador era um muro que eu subia as escadinhas e lá em cima o muro acabava estalava enquanto descia o metal tão longo e quando chegava na areia parecia que nada tinha acontecido mas o coração arfava

ainda tem lá aquelas mangueiras plantadas em quadrados
anos depois que fui lembrava dos bancos de cimento que espetavam
o pacotinho de mupy de maracujá ou maçã
o escorregador ainda era grande mas não cabia a minha bunda
mas bem que eu tentei porque não sinto vergonha dessas coisas
antes acho mesmo é de rir da cara de quem acha ridículo uma mulher usar um escorregador
de criança só consegui lembrar que o everton e o wellington comiam a bruna com 11 anos

na arquibancada
a menina feito um frango
os pintinhos deles


só o vai--e--vem
na linha do horizonte

era uma forma de ser amiga, a dela.
jogávamos bola juntas.
nosso cabelo tinha a mesma cor.
alguém perguntou se éramos irmãs.

o professor fumava maconha com os meninos do 3o colegial na saída de incêndio do prédio novo.
na aula tive que fazer uma reportagem contra o crack. lembro dos microscópios e que tinha um feto de cavalo no formol. a juliana não comentava mas via naquilo uma indecência.

eu sempre fui branca como uma tripa.

minha ingenuidade também era de tripa.


o marcos sempre fala
que não é fácil
ter 12 (ou 8?) metros de tripa dentro da gente.

tripa com memória
é ser pipa.

confundo

abro o caderno
achando o livro
misturo carvão
vago pelo fogo

a escrita sabe um pouco como o amor
não se sabe quem se possui a quem.

amor

não fugia
que voava

sala

onde ainda se acredita na diferença de um poema

sou eu

domingo
a louça é maior
há quanto tempo a louça me apavora
depois descubro que tem água quente
e que quente a água a louçar
é domingo ao menos



volto ao acordar
escrever



escrever: quanto mais ao menos.



um dia vou escrever assim:











com ponto final.

4.12.09

é pegar ou largar
you are cesariny
portugal is burning
cazuza generation

1.12.09

today is gonna be the day



o mar que me caminha

30.11.09

o creme é mais amarelo

no tempo que não havia tempo eu não esperava, adentrava. depois que os anos começaram a passar depressa um mês, dois, três, nada. em certa altura não sei se eu conquisto o tempo como um avançador marinheiro num azul noturno guiada por sei lá qual estrela ou se é o tempo que me vence como a barriga do seu dragão. no caso da estrela, ela me dá sorte, quer dizer, luz que sorteia.




escrever e pensar: o caminho que é livrar-me numa nova estrutura.



sonho em Portugal é bola de Berlim.

24.11.09

o livro do ano



ham-ham
pelo menos do meu ano, o livro
agora dá pra baixar em pdf o

cantos de estima
full edition sem cortes e remasterizado
clica aqui e mergulha

vento

qual o teu terror?
conta de me levar
se abro a janela.

23.11.09

carinho



agora, no 12 exemplares pode-se ver a maior parte das respostas dos participantes do projeto.
logo serão todas.

**

acho que é
intuição

metade de mim sempre já sabe das coisas antes
e a outra metade é crítica demais pra aceitar que já sabe
ou fica lá dizendo tá vendo tá vendo tá vendo
mas a metade que já sabe tem mais calma e ternura
pode até se dispor a humildade de não saber
mas a parte crítica também salva a que acha-que-sabe
de cair nos crocodilos e de voar com as borboletas
(borboletas morrem em três dias)
e é na reiteração de uma sobre a outra que vivo
ou na sombra de uma alegria guerreira
que cresce feito árvore

agora o que se vê é a copa no outono
mas está é mesmo crescendo raízes pro fundo
(lá é úmido e tem mais minerais)
daí às vezes sobem coisas pelos veios
(são os arrotos das árvores)
que brotam maçãzinhas pêras amoras
depende do desejo

**

intuição acho que é
como ir ao cinema sem saber que filme vai passar
e estar disposta a ver o filme que for passar

20.11.09

Não tenho paz nem posso fazer guerra
temo e espero, e do ardor ao gelo passo,
e vôo para o céu, e desço à terra
e nada aperto, e a todo o mundo abraço.

Prisão que nem se fecha ou descerra,
nem me retém nem solta o laço;
entre livre e submissa essa alma erra,
nem é morto nem vivo o corpo lasso.

Vejo sem olhos, grito sem ter voz;
e sonho perecer e ajuda imploro;
a mim odeio e a outrem amo após.

Sustento-me de dor e rindo choro;
a morte como a vida enfim deploro:
e neste estado sou, Dama, por vós.



Petrarca em tradução de Jamil Almansur Haddad.

19.11.09

céu

Trocaram as fontes sem sequer eu visse
olho pra cima e me atravessa o tráfego
luzes vermelhas se meus olhos se fecham são cor de flamingo e
os pássaros voam com a autoridade
que passeio pelo príncipe real
vendo vencidos nos bancos
pela pobreza, o amor, a um livro.

#

Eu tenho um beijo preso na garganta.
O mundo deu uma volta e o poema não está pronto.
Fico tão noturna quando é de tarde.

#

Passeio em mim como quem viajasse de trem
e é sempre amanhã que chegamos.

#

Espero a hora de dizer: o jeito que te vejo entrando em mim
como um cavalo derrubando as paredes pelas escadarias.

#

O mar guardado em tuas gavetas.

17.11.09

confidenciação

esse é pro B

tamô seguro usando meia.
 

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