20.11.09

Não tenho paz nem posso fazer guerra
temo e espero, e do ardor ao gelo passo,
e vôo para o céu, e desço à terra
e nada aperto, e a todo o mundo abraço.

Prisão que nem se fecha ou descerra,
nem me retém nem solta o laço;
entre livre e submissa essa alma erra,
nem é morto nem vivo o corpo lasso.

Vejo sem olhos, grito sem ter voz;
e sonho perecer e ajuda imploro;
a mim odeio e a outrem amo após.

Sustento-me de dor e rindo choro;
a morte como a vida enfim deploro:
e neste estado sou, Dama, por vós.



Petrarca em tradução de Jamil Almansur Haddad.

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter