29.3.09

"en faisant le récit d'une vie dont je ne suis pas l'auter quant à l'existence, je m'en fais le coauter quant au sens"
paul ricoeur, sôi-même comme un autre

23.3.09

e se não tivesse o
e se não tivesse

9.3.09

amor

há uma velha que nos atravessa. tens olhos de preguiça de quem não vê astúcia mais nas coisas. cansou de saber. lutar nunca fez. lembra-se de um vestido branco que usava e as colinas. antes das colinas havia um susto. antes do susto teve um amor.

foto pelo meu amigo breno caio, sábado

8.3.09

amor

preciso de ti
como se isso fosse um estar
no coração de uma selva

à noite escura ouvisse
a respiração de um animal de olhos firmes
se aproximando luminosos sobre a folhagem

tu és o animal
eu sou a árvore
a luz vem da cidade

7.3.09

yo soy un hombre sincero

ontem, voltando da paulista de noite, entrei no pompeião de sempre & havia três bolivianos tocando "isso aqui ô ô" em violões e pensei ai que cansaço depois eles tocaram guantanamera e metade do ônibus sabia cantar e eu cantei e nós cantamos atravessando o cemitério da dr. arnaldo garoava muito leve e aquele calor e as senhoras de laquê na minha frente vestindo cores de paixão disseram "hoje o dia foi tão bom que somos presenteadas com isso na volta pra casa" então eu chorei vendo os túmulos de mármore e os prédios da cidade acesos e apagados daquele instante



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aritmética

se Collor é nomeado presidente da comissão de infraestrutura do Senado...

6.3.09

sonho meu

ontem contei no acabou produto um sonho que tenho sempre

e essa noite eu ia a um museu de história natural e havia uma correnteza como os canais da disneylandia ou do recanto do boiadero e então com pedrinhas seixos nas águas e plantas de plástico muito verdes e também de verdade de um projeto pomar e então as pessoas passavam a mão na água e eram todos muito velhos em fila enfiando os dedinhos na correnteza e eu ficava assustada que aqueles velhos passassem a mão na água porque era a água do Pinheiros e na verdade o museu de história natural era uma contenção da nascente e então eu pensava mas essa água é suja e depois mas essa água é nova e daí minha mãe me dizia sem estar presente é uma água antiga que não deixa os velhos doentes mais,

5.3.09

amor

ele é o pássaro. veio branco BRANCO invadindo meu olhar boca tetos e ouvidos. livre e desesperado. tremia as pernas quando nos beijamos, não, balançava-as fora do tempo da música que tocava alto. lembro que puxei-o para o meu corpo como se eu fosse sólida. sólida feito uma embalagem tetra pak de leite cheia. ele se encaixou, esteve comigo, estive com ele.

anilina, minha pequena revolução

Adeus.

Voltei.

Não sabia que agora começava de um outro vislumbre. De um outro olhar, de um outro topo de montanha, outra bruma, outra espuma. Não sei mais quem escreve. Vou me apagando tanto do cotidiano bruto que consigo planar quase tão aberta de tudo asa-delta por sobre os meus pensamentos. Então quando escrevo, o corpo se aplica. E, aplicado, o corpo me é justo. Se não me excede.

Porque de algum modo eu descobri que há o mais biográfico de tudo. Que é: anil. Anil, não quer dizer nada. Anil sem metáfora. Anil. E nisso eu ia dizer do justo modo de namorar, que é social. Namorar casar gestar corromper. Essas coisas existem. E, sabe, os homens inventaram esquadros, cabos conectores, avisos em quadros para tal, quadros. O quadrado existe antes do homem? Ou é como os canteiros da Av. Rebouças?

Vou lhe dizer: as coisas têm seu próprio peso e eu sou: insolúvel e influenciável. O que eu ia dizer é uma palavra assim: elo ligação lealdade. Pra mim isso dá muito. Faísca, casão, amplitude. Eu um dia, garanto mesmo, vou ser um faisão. Voando flanando apoiado no próprio peito e depois servido magret na sala derradeira. Poderá me comer quem quiser porque no fim os bichinhos já iam me comer mesmo.

Eles vão te comer, sabes? Algo em ti e em mim se apagará o viço e será um sumiço de mim e de ti. Durante um tempo era por isso eu dizia: que me enterrem sem os caixões, fora das caixas, nem de madeira, nem de concreto. Disseram-me impossível a vigilância sanitária alguém reclamou até que era feio ou um corpo assim lembra auschwitz . Mas eu disse: corpo assim como assim que quer dizer é o meu corpo. Meu corpo de orquídea. Eu estava me valendo de alguma espécie de raciocínio de que a individualidade do indivíduo individual que eu seria se não fosse a sociedade a razão de ensino a etc etc. Mas não sou dona dos lençóis freáticos da cidade. Disseram-me: crema-se ao final, mas é um verbo que não sei conjugar imediatamente. E não, não, eu quero o chão, a terra, um lento adeus. E se isso não me disser respeito, respeito e adeus.


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ou, por outro, achei aqui:

2.3.09

o leão da família ii

hoje meu mesmo sobrinho de quatro anos disse-me:
-por que eu tenho que gostar ou não gostar das coisas?

(iluminação)

& depois, com os bonequinhos de fantoche
-esse é o pedrinho, essa é a cuca, essa é a tia nastácia, ... - silêncio.
e dez minutos depois, dentro da piscina:
-quem escreveu a história do sítio foi o monteiro lobato.

(susto genético & civilização)

& depois, vendo meu irmão acendendo a churrasqueira e correndo atrás dele com espetos de carnes, ele chamou minha mãe e disse:
-vovó senta aqui comigo que a gente precisa conversar. meu tio é mesmo um dragão?

1.3.09

o leão da família

ontem perguntei ao meu sobrinho se ele tinha ou não gostado do livro que a gente tinha acabado de ler juntos. ele me olhou da maior fofura das suas bochechas de quatro anos de idade e me disse:

-não vou te dar minha opinião.



(arrasou na casa 8, marcos!)
 

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