28.12.07



banksy.co.uk

27.12.07

20.12.07

acontecimento biográfico I

para aqueles que não sabem, moro num predinho antigo sem porteiro. acontece sempre de interfonarem diretamente para o meu apartamento sendo engano, ultragás, para a vizinha de cima, sabe lá
hoje eu estava modestamente dormindo quando às 7h o interfone me acordou. ah, deixa tocar, e o interfonador insistiu e insistiu. quando atendi, disse ele assim:

-oi! esse edifício é da opus dei, não é?
-...

19.12.07

tudo é mesmo um pedaço completo partido pela metade e doado ao pó e a umidade
é "muito mais do que isso ou nem tanto ainda"
o escuro está amanhecendo ou foi o sol que se foi agorinha?

e todos se calam.

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Lembro da última festa de aniversário que fui, depois de beber quase meia garrafa de vinho do Porto um amigo tentava me fazer entender o que é um poeta da continuidade. Tive calafrios na nuca quente. Eu não, olha, sou artista da ruptura do sono. Sabe aquela história do é preciso? É preciso se ter os olhos abertos, mas somos obrigados a dormir. Dormir é uma das espécies manifestadas da ilusão. Foi para não ser pega dormindo acordada, que comecei a me estipular certas atitudes. Acordar bem cedo, de madrugada, virou a minha primeira ruptura, e, como era bom! começava logo cedo a minha força.

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O silêncio já estava absoluto, todos prestavam atenção. Só eu ainda não tinha conseguido uma posição confortável. Subi na ponta da cadeira do cinema, sentado sobre o calcanhar. Estava empertigado pela dúvida de todo personagem: entre ser eu e ele, você sabe bem como é estar sozinho e acompanhado a todo tempo. Na tela, estava na ponta da borda da terra, quase no mar, parado bípede, os pés se fincando pela areia conforme a umidade subia. Uma cena cinza, o mar tão da mesma cor que o céu, que a areia também, só podia ser mesmo um recurso técnico, alguma espécie de filtro nas lentes. Uma alteração freqüente e sempre repentina entre os pontos do foco. Essa alternatividade ia acompanhando os arbustos, se via o último casal saindo da areia para o apartamento e de repente os gestos dos dedos estalando o ar, tão próximos do punho onde se notava, de antemão, a ausência de relógio fronteiriça com o início da pele coberta pela capa de borracha, de um azul-marinho focado sem dispersão, tonalidade no dia tão ausente no água do mar. O que essa história tão imóvel poderá contra a minha agitação ancestral?

9.12.07

7.12.07

fado

Tu não sabes ao que me submeteram,

Colocaram o Rei num grande barco, para visitar o além-mar, só dento me avisaram o impossível regresso, dizendo-me que um dia, quem sabe, poderia eu voltar, caso a terra girasse ao contrário, mas que vontade deles de me jogar no mar.
Da terra eu trazia cinco ou seis pedrinhas, que me agitavam o bolso num lamento inútil "pedro, queremos regresso" e quem não quer, quem não quer!, minha pobre ânsia lançada ao Atlântico. Mas também me livrarva da necessidade de partir ao meio o homem que esperam de mim e o homem que quero lançar ao mar, correnteza de cinqüenta pés, temperatura de vinte e três celsius, só Deus sabe como venta, tanta umidade no mar.
Se tivessem o feito com meu pai, bem que ele iria gostar, despregado feito a terra estivesse debaixo dos seus braços, ou quem sabe, talvez sequer notasse, talvez nem Domitilia chorasse e ausente aquele homem, se... Porém eu, o filho, como acontece sempre aos reis, eu filho de Rei e Rei, me lanço as pedrinhas do solo fértil, estéreis em meu bolso, a perguntar:
-por quem me tomam, Pedro?

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para que me retirar deste modo junkie de estar me levantando da cama e apagando a fumaça, se o mundo continuará distante, cartas de suicida por debaixo da porta quando o interfone toca, os amigos me trazendo rostos com lições que não quero, bilhetes de afogados, personagens que não sabem se cuidar, correntezas de pensamentos; e todos os horóscopos me dizendo que é hora de procurar entender o porque de que, recorrentemente, perco o senso e a vontade e a fé em tudo.

6.12.07





quem me mostrou foi minha amiga eva, que também faz os desenhos mais bonitos do mundo
 

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