31.1.10

my heart belongs to



todos os poetas um dia foram crianças
estamos sozinhos aqui, meu bem, não posso falar por você
sou puro segredo, gratidão
mas agora vou contar a sua história.

30.1.10

o fim às vezes faz um silêncio tão
que eu não quero nem tocar em nada
porque é como viajar, morar.

tem certas distâncias que a gente só percebe nas coisas.

e é um prazer, em vez de conhecer uma, não sei, catedral? no dia de hoje (inverno, adeus, vá) ter que escrever sobre drummond e eliot,

cada vida que a gente se mete, viu

cada bolso, esquina, cavalo.

estar num país estrangeiro e ter acesso ao uso irrestrito dos acentos da minha língua me faz esquecer que a gente pode ter que de repente, escrever paìs pra diferenciar de pais, na falta que tantas vezes um agudo faz

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não, não tem lirismo, eu que estou tentando.


28.1.10

how to not corrupt a child

quando eu tinha 12 anos lemos na sala de aula (a 6a série) um poema do manuel bandeira. não me pergunte qual. não sei se penso em pipocas porque elas eram praticamente a minha vida na altura ou se manuel bandeira realmente tem um poema que fale de pipoca. mas, o que me importa é que falei para a professora ao fim da aula mas professora, poesia não tem que ter rima? eu, que escrevia histórias em prosa naqueles anos e a isso pretendo voltar. ela olhou muito séria e riu, me disse não, já faz um tempo que não precisa não. aquilo foi uma liberdade sem tamanho. naquele ano a antologia dos alunos ficou povoada de uns 5 ou seis poemas meus. lembro que um falava de

tiro na jarra-corpo
bem no coração

e era mais físico o tiro explodindo no corpo e o sangue líquido estourando (por isso a "jarra" ) do que uma emoção. mas não é isso que me importa, o que eu me pergunto agora é: da onde é que eu tinha tirado essa idéia de que os poemas precisam de rimas?

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a frase que meu analista passou cerca de um ano ou dois me dizendo quando eu tinha por volta de 20 anos era "afirme o seu desejo". antes de ontem, olhando as rachaduras do teto, BANG! entendi. quer dizer, eu achava que entendia, mas entendi. entendi porque inflou em mim um sopro, foi o que ele dizia o que fiz nos últimos 5 anos. e percebi que ele tinha razão, e por isso a ele sou toda dádiva, tanto acúmulo. e, mais, porque fazendo, o máximo que pode acontecer é não dar certo. colocado o búfalo atirado do meu coração, agora donde estará aquela leveza do recuar? ou: primeira lição da humildade: desejo troca-se, de nada adianta forçar o molde, joga ele fora! beijo pro meu brasil brasileiro.

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27.1.10

amor

alguém me arranja um cavalo e um império, se não vou virar napoleão.

26.1.10

sou apenas um cavalo
o mundo não vale o mundo, meu bem
e no entanto, é ele quem me leva

o cavalo (que vive por mim) abre mão
de ter cascos, patas, coices
mas de correr no sol, não

e quando alguém sonha e confunde
o amor comigo, comigo o amor
infundido, infindável, é o cavalo

liberto o peito no trato.

25.1.10

quando o dia começa com alguém com notícias de longe, há muito tempo não ditas, posso saber que vai ser todo um chegar de correspondências soltas por hoje

24.1.10

S2




graaaaaaaaaau

minha mãe me deu ao mundo
de maneira singular
me dizendo uma setença
pra eu sempre pedir licença
mas nunca deixar de entrar

23.1.10

é, quando o sentido restitui a vontade

a ironia é horas atrás ter escrito aqui "esquecimento" e faz dias pensar que horror já faz quase 5 meses que estou em Lisboa e o que foi que eu vivi até agora? e não saber o tanto. e ir pegar os rolos de filme (três) dos últimos (três) meses que deixei pra revelar ontem e encontrar todas as fotos veladas,

luz demais na memória, apaga.

esquecimento

toda vez que em portugal leio t.s. eliot o quarto toma tons avermelhados. e é o acaso, outra vez de um lençol na cama, ou hoje de um cobertor cor-de-rosa pendurado pra secar na janela do vizinho, reflete aqui. como teve uma vez que clarice lispector reluzia com a prateada luz da janela inox que batia.

ninguém tem culpa.

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é urgente: ler, dançar, abraçar e escrever.

22.1.10

oi, amigo.

tou bem, viu.

raiva era superfície.

é sempre meu modo de voltar à tona.

beijo,

20.1.10

se o que eu tivesse, fosse um gato, abria pela janela. se sentava entre as conchas. há meses que não tiro o pó de tudo. se já estou aqui, não sei pelo que estou esperando. de repente ficaram tantos os modos de dizer, por aqui: essa janela, meu texto de salto alto. quem lê?

diga a verdade: já cheguei no paradigma da dívida. outra vez, vezes três, dá zero. é a barriga que grita, querendo roçar de barriga com roçar de barriga, não sou eu. te juro: gosto mais de você do que dessa cenoura. no inverno me disseram: não coma alimentos crús.

e algo tão intenso, eu tão besta, tipo algo simples como um encontro de mãos dadas vira um estrondo de maremoto, o sonho que me corrói a vida. o sonho oxida a vida. o SOnhomeoxida. desculpe, leitor, desculpe, meu amigo.

quem me conhece sabe: sou um mononstro traidor. eu mudo de idéia. eu não consigo acreditar por muito tempo em nada. sobretudo. sobretudo. digo assim: quem sabe se eu destruir agora tudo onde eu já cheguei, onde só a raiva me vencer em não me vencer, (alguma esperança aqui que de tudo floresça o tudo,/ que onde quer que eu vá carregue nos olhos uma imagem calma.) por que é que a gente atravessa o atlântico pra ter a avenida rebouças demais nos olhos?

eu tou mesmo é precisando fuder com tudo, flertar com tudo até o fim. dizer assim: não quer;/vai ficar sem. quer/ não te dou também. acabou o paradigma da bondade, acabou o paradigma do sonho, acabou o paradigma da verdade/ acabou o paradigma da honestidade/ acabou o paradigma do amor/ acabou. me desclassifiquem junto com ele. se ainda há alguma chance de de mim ouvirem alguma coisa vai ter que ser desse jeito: zumbido. todo mundo briga um pouco. eu não tenho idade, tá me entendendo?, eu não tenho idade pra entender as coisas.

eunãotenhoidadeprasóverefalardebeleza, amor.

eu sou a morte, eu tenho saudades de mim mesma, morro de saudades de mim mesma, saudades de mim mesma.

não se trata aqui de estética do abismo/; figuração da sinceridade, o caccete.;/ eu odeio a questão das coisas, eu odeio a questão das coisas: eu quero um mundo plano é já, eu ordenei, alguém tinha que fazer alguma coisa com isso. não, eu não estou falando sozinha. não, não estou fazendo sozinha. não me importo em ceder. mas às vezes não percebo. e antes de dissolver, daí fico ca-t-a-log-ando.

FORME OS GRUPOS

cor -- - - - - - -- - - bicho
saúva - - - - - - - --abismo

depois então eu cedo, penso: mas essa questão da realidade x ilusão pelo amor de deus, que questão primária. NÃO TEM RESPOSTA. entendeu? NÃO TEM RESPOSTA. o empobrecimento das respostas, eu não quero essa vulgaridade. NÃO TEM RESPOSTA.

época de merda do cacete todo mundo procurando guia/ estrela, itálico, talismã. / eu desconfio de tudo. quero te dizer: presta atenção. atravessa sempre a rua desse seu jeito de quem está indo pra onde está indo e conhece os dois lados, mas não olhou. tudo está ali desse lado mesmo e do outro. eu vou correndo, pegar o eléctrico que for.

superstar com você.
sem timbre de dor, aqui.
meu amor, sem timbre de dor.

convívio

estar em paris, definitivamente, essa cidade em que não estamos. quando eu não conhecia a generosidade do amor era mais fácil brutalizar-me num espelho partido: dizer: esta imagem é tua, amor, quebra tacape leva, fogueira. mas agora o que arde é aqui, peito rasante, como um chiclete de menta, ou o traço que leva e levanta, cava no teu sorriso, nuvem, nuvem.

16.1.10

portugal

"ondequetáoquê?noconcelhodaonde?"

bernardo

14.1.10

voltei a alguma coisa grande. e começou de novo. não sei direito. compartilhar o aeroporto, o dia que percebi que morava sozinha, o aeroporto de novo, quase me pegaram, ouvir friday i'm in love ter quebrado o intervalo entre ação e vontade, ou movimento e escândalo, uma manhã no Porto, uma chuva discutida embaixo da chuva como é que chove?, ou de madrugada no albergue abrir os olhos e ter uma sueca ao meu lado e a central do brasil pela janela, pensar em smiths e sentir um cristal quente e branco e luminoso entre os meus seios, abacate com limão e açúcar na novidade que é, ou pequena minha mãe na beira da piscina me alimentava com pimentão, depois fiquei 15 anos sem comê-los que me davam dor de cabeça e aqui em portugal eles são pimentos, ou eu e o bernardo ainda não entendemos porque algumas lojas espalham seus produtos pelo chão na madrugada (esse é o grande segredo que a europa nos confiou mas ainda não contou) e depois uma outra coisa que eu não disse, ou disse demais, e a certeza de que o outro da minha cabeça tem que jogar a favor, se não jogo ele fora, escrever e escrever ou escrever ou/e escrever, e a certeza também de novo que se algo nos desviar (ou não) será sempre o amor, maior, amor e a certeza não era essa! a certeza é a primavera, não lembro mais como eu disse, mas é das poucas coisas que se pode esperar, a passagem do tempo na alternância das estações, é um horizonte que se aproxima. lembra?

9.1.10

brancas

das estrelas que explodes entre os dedos / nascem flores de papel

8.1.10

7.1.10

lisboa

essa mágica branca que me assopra

5.1.10

às vezes, no amor

eu me sinto assim

meu nome é gal

completo 26 anos daqui uma semana

4.1.10

ah se as palavras nos deslocassem

é preciso preservar o sim?

3.1.10

os homens nasciam e se enchiam de coisas, eu só conseguia falar se não fizesse sentido com o que havia sido dito imediatamente antes.

meu corpo era inteiro ele, uma ladainha só.

fui fazer vácuo na banheira, o pato me comeu, ladrão! ladrão.

tinha uma espécie de fuga na solidão do texto. eu tinha uma espécie de crença na maleabilidade das palavras num texto, não me importava com as idéias. de repente: crise!!!!!! crise!!!! conteúdo.

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