31.5.06

não disse nada do modelo do meu terno

por falar em decreto:

Manifesto do Senhor Antipirina (T.Tzara)

Dadá é nossa intensidade: quem levanta as baionetas sem conseqüência a cabeça sumatral do bebê alemão; Dadá é a vida sem pantufas nem paralelos; quem é contra e pela unidade e decididamente contra o futuro; nós sabemos ajuizadamente que os nossos cérebros se tornarão macias almofadas, que nosso antidogmatismo é tão exclusivista como o funcionário e que não somos livres e gritamos liberdade; necessidade severa sem disciplina nem moral e escarramos na humanidade.

Dadá permanece no quadro europeu das fraquezas, no fundo é tudo merda, mas nós queremos doravante cagar em cores diferentes para ornar o jardim zoológico da arte de todas as bandeiras dos consulados.

Somos diretores de circo e assobiamos nos ventos das feiras, nos conventos, prostituições, teatros, realidades, sentimentos, ohi, hoho, bang, bangh. Nós declaramos que o automóvel é um sentimento que nos acariciou bastante nas lentidões de suas abstrações como os transatlânticos, os ruídos e as idéias. Entretanto, nós exteriorizamos a facilidade, procuramos a essência central e ficamos contentes quando a podemos esconder; não queremos contar as janelas da elite maravilhosa, porque DADÁ não existe para ninguém e nós queremos que todo mundo compreenda isso. Lá está o balcão de Dadá, eu lhes asseguro. De lá se pode ouvir as marchas militares e descer cortando o ar como um serafim num banho popular para mijar e compreender a parábola.

Dadá não é loucura, nem sabedoria, nem ironia, entenda-me, gentil burguês.

A arte era um jogo de avelã, os meninos juntavam as palavras que têm um toque de sino no fim, depois choravam e gritavam a estrofe, e lhe metiam as botinas das bonecas e a estrofe se tornou rainha para morrer um pouco e a rainha se tornou baleia, as crianças corriam até perder o fôlego.

Depois vieram os grandes embaixadores do sentimento que gritaram historicamente em coro:
Psicologia Psicologia hihi
Ciência Ciência Ciência
Viva a frança
Nós não somos ingênuos
Nós somos sucessivos
Nós somos exclusivos
Nós não somos simples
e nós sabemos bem discutir a inteligência.

Mas nós, DADÁ, nós não somos da opinião de vocês, porque a arte não é séria, eu lhes asseguro, e se manifestamos o crime para dizer doutamente ventilador, é para lhes ser agradável, bons auditores, eu os amos tanto, eu lhes asseguro e os adoro.

29.5.06

você já pensou que o peito do frango é aquela coisinha branca e insípida porque elas não batem bem das asinhas?

Aeroporto:
29/5/2006
10:54:02
Kiriku diz: um upgrade do tamanho do mundo para o séc. XXI. coelho é a nova carne de comer.... arbitrário, nós abominamos o utilitário. desprovidos: identidade é a nova junkfood. capim dos sem-franquia.
júlia_alzheimer e romã diz: o abismo supersônico. saúde pra destroçar no final.
Kiriku diz:
se Junk-Space é resíduo da humanidade. Space-Junk é o entulho humano no universo. o produto(mais sobre isso depois). é o que sobra da modernização. o que coagula
júlia_alzheimer e romã diz: enquanto progride, sua partezinha radiante. JunkSpace é 'apoteose do razoável. ou seu desastre atômico.
Kiriku diz: lúcidas invenções brilhantes da inteligência
júlia_alzheimer e romã diz: seus indivíduos valem menos para eles e mais para nós!
Kiriku diz: esgotados por computação infinita
s-o-l-e-t-r-a: FIM do iluminismo. que ressurge como farsa, sem classe, purgatório.
júlia_alzheimer e romã diz: eba! chegamos aonde queriamos! a descentração concentrada! eba! adoooooro o FIM DO ILUMINISMO! vamos dar uma festa, tchuuuururururur
júlia_alzheimer e romã diz:
decreta!
Kiriku diz: mas os franceses comem coelho
júlia_alzheimer e romã diz: e o leite que eu abri hoje estava coalhada e o café queimou
Kiriku diz:
mas NÃO NOS ABATEREMOS COMO GALINHAS!

28.5.06

tanto mar

eu ia escrever sobre a doçura e a insanidade, pro márcio, que eu quero ver livre como quero ver a todos vocês, fora do tédio e livres. você já pensou que existem duas formas de liberdade? a liberdade da violência, do ácido, do vento rasgando vento, de destruir uma camiseta da gola ao pescoço, stooges, a liberdade de um caqui. e há a liberdade da delicadeza, a liberdade do sono sem cansaço, de um tecido útil ao tato, de viver como quem se espreguiça no branco, liberdade da camomila e do alecrim.
:
é uma dificuldade ter dois olhos quando se é insatisfeita.
eu soube um dia desses que para diferenciarem no diagnóstico de velhos alzheimer ou depressão um só sintoma basta. se o velho acorda melhor e vai dormir pancada é alzheimer, que o cansaço mental do uso do cérebro vai esgotando. se o velho acorda mal e conforme o dia vai passando vai se sentindo mais disposto ao ponto de deixar de dormir para usar algumas horas a mais de um frescor mental, bem, mesmo não velha, talvez isso seja depressão. contemos com os equívocos da ciência.
:
em amsterdã há certas cabines que diferem pelo uso mas no estilo imitam as telefônicas inglesas, mais pela cor do que pelo tamanho, já que são mais alargadas na horizontal e menos compridas na altura.
o camarada é um homem que trabalha com finanças e no início da noite treina boxe. os motivos de tal configuração de personalidade ainda permanecem obscuros. o que importa é que antes de lutar boxe às 19h ele passa com seu terno azul-marino na rua damrak, que por ser uma via de tráfego médio, possui uma das tais 40 cabines instaladas pela cidade. o nosso camarada entra pontualmente às 18h na cabine da rua damrak e por ter escolhido o plano mensal, passa o magnético do cartão pela fresta indicada e, assim se abre o locker escolhido ao uso do nosso camarada. ele guarda uma pasta e retira uma mochila. bate a porta certificando-se que o locker está travado e sai pela porta da cabine sem notar a aparente senhora.
a aparente senhora não é um rock star vestido de branco, mas como não enxerga bem, confundiu o locker de uso diário que moedas habilitam com a máquina de lavar da lavenderia em frente. ao perceber o engano, a nossa senhora resolve atear fogo a toda a cabine.

os lockers de uso mensal não incendiaram.

27.5.06

extra! as maravilhas da meta-alienação

não sei se foram as ostras no delicioso jantar de ontem ou uma irrecuperável perda per se do ego, mas essa madrugada acordei em meio a um sonho fundo, no qual eu não figurava nem como personagem, nem como observadora, quer dizer, era um eu mais que apagado, era inexistente, não era eu.
talvez o superego estivesse mantido, já que, ironicamente, o sonho se passava num hospital para desorientados, tresloucados, dementes, doidões e todo tipo de insano mental.

24.5.06

agora. na minha vida um solstício. vem vindo, migrando cedo, em meio ao sono, o pai de todos tsurus. será ele um monstrengo?

20.5.06


flora em momento 'weekend'

17.5.06

hm,...

hoje faz dois anos que eu parei de fumar tabaco.

vovô viu o ovni na 23 de maio às 17h de 15.5.6



ESPÉCIES ALIENÍGENAS
O atual número de alienígenas que mantêm contato a Terra é 12 com 7 relativamente permanentes e 5 influenciais. Ao contrário da informação que o governo tenta passar, nem todos os ALF’s são amigáveis representantes da Confederação Galáctica Espacial.
viver somente de amor, leonor,
é tão triste quanto precário

15.5.06

o que fazer com a cidade em estado de sítio, o comércio de pinheiros todo fechado e o fim do chá de camomila? esses criminosos não tem mãe?
:
na cobertura televisiva só faltava o subtítulo: sp under attack. bom mesmo é ser como a flora, que nem posições políticas carrega, ficando alheia as coisas todas, ainda mais quando não levam farinha. diferente da velha do ponto de ônibus na av. pompéia que largamente discutia, sem colocar questão na sua visão:
-isso é coisa da mafia da ditadura petista, contra o nosso alckimin!
eu que não agüentava mais a velha lá no tralalala e disse:
-''nosso''? a senhora me poupe, por favor.
e nenhum cidadão riu.

11.5.06




conta-se que clarice lispector dizia ter medo desse quadro do klee, "medo de ser tão livre".
I’m in the silence that’s suddenly heard after the passing of a car

8.5.06

How do I feel by the end of the day
Are you sad because you're on your own?

é um novo aposento e ele é de um azul quase ártico. como fui chegando pelos lados, pensei que a dor nos ossos vinha da minha falta de costume do contato com as paredes. mas era o único modo, havia de estar, teria que vir aqui. no jarro em cima da mesa de canto descansa um copo, onde decantam pétalas azuis de uma hortênsia retirada as pressas. quem as escondeu? eu não sei. e não com qual propósito me pergunto se o neutro é uma espécie de frio.

7.5.06

escrever, por exemplo, uma alga no fundo do mar.
ainda não sei se ela caminha.

6.5.06

pequena anedota vinda do oriente

se eu não começar a escrever nesse inverno tudo vai ser destruído. lembro de chernobyl: as batatas sobreviveram? sei que no dia que começa a nevar é preciso estar afinada, dedos congelados não funcionam se grudam no metal. as pás elétricas não. o médico chinês fala a respeito do problema de morar na frente de geradores de energia. sinto tédio? chá de camomila com maçã foge do gengibre que ele me recomendou. pergunto para a flora que me olha de cima da geladeira:
-e você? o que pensa do universo como um todo?
ela me olha mais. e salta no tampo da mesa, quatro metros dali, escorre na cadeira e pega a mais recente bola de papel que resgatou do lixo. isso foi antes de comer meio pacote de chá de ginseng. agora ela realmente crê que o sofá é o godzilla a ser exterminado e meu ombro o seu comparsa de pouso em tal empreitada.

afasto a gata, pego um giz de cera que desliza pelo sulfite em rasuras e a merda do frio continua me espetando. eu não sei. cansei de esperar.
e penso no interesse de uma literatura da falta de assunto.
(não, não é sobre a falta de assunto.)

os quadrados da via-láctea

A6 Ebm7/-5 Ab7/5+ A6 Quem acreditou no amor no sorriso na flor Dbm7/-5 Gb7/5+Então sonhou sonhouBm7 Dm7E perdeu a paz Dbm7 Gb7/5+O amor o sorriso e a flor Bm7 E5+Se transformam depressa demaisA6 Ebm7/-5 Ab7/5+Quem no coração A6 Abrigou a tristeza de ver Dbm7/-5 Gb7/5+Tudo isso se perder Bm7 Dm7E na solidão Dbm7 Gb7/5+Procurou a caminho a seguir Bm7 E5+Já descrente de um dia felizD7+ Dm7Quem chorou chorouDbm7 Cº Bm7 E5+ E tanto que o seu pranto já secou A6 Ebm7/-5 Ab7/5+Quem depois voltou A6Ao amor ao sorriso e a florDbm7/-5 Gb7/5+Então tudo encontrouBm7 Dm7Pois a própria dorDbm7 Gb7/5+ Bm7 E7/-9 Am7 Revelou o caminho do amor e a tristeza acabou

5.5.06

de como organizar damasco?

se eu não te escrevo, não é porque te deixe, mas porque estou avessa as palavras e um sopro de um eco do chão ou a cor do tecido em cena me envolvem mais do que essa situação de sobreaviso que é escrever, como se nada fosse imponderável, de uma estaca eu faço um laço, da sua corte o meu desastre. era essa a nossa história. a isso chamei loucura mas nada anteposta a sanidade. mas se não escrevo pra você é porque não lembro mais do tamanho das veias e recordo o das goivas. em perspectiva, no nosso texto eu dizia gotas onde quero dizer frouxas ou dividiria queijos onde quero dizer feios ou diria sapos onde quero dizer trapos. se eu não te escrevo é porque não tenho o que volumar. mas se eu não escrevo é porque eu ainda não aprendi o modo de me perder.

::
já você me ama como seria damasco.

por damasco entende-se a cor. entende-se o fruto. entende-se a fruta seca. entende-se a cidade também. eu antes me preocupava em não me perder, em prestar atenção ao itinerário, mas, afinal, como não se passa por damasco sem sabê-la, resolvi ser o sono.

2.5.06

Que falem depressa. Estendam-se
no meu pensamento.
Mergulhem a voz na minha treva como uma garganta.
Porque eu tanto desejaria acordar
dentro da vossa voz na minha boca.
Agora sei que as estrelas são habitadas.
Vossa existência dura e quente
é a massa de uma estrela.
Porque essa estrela canta no sítio
onde vai ser a minha vida.

Queimais as vossas noites em honra
do meu amor. O amor é forte.
Que coisa forte que é a loucura.
Porque a loucura canta minada de portas.
Nós saímos pelas portas, nós
entramos para o interior da loucura.
As cadeiras cantam os que estão sentados.
Cantam os espelhos a mocidade
adjectiva dos que se olham.
Estou inquieto e cego. Canto.
A morte canta-me ao fundo.
É um canto absoluto.


::
é um trecho do poema I de Poemacto, herberto helder fogo, 1961.

1.5.06

it1s 19sixty-nine, babe

se eu pensei que a palavra 'negócio' era a negação do ócio,
então é isso que eu não quero
 

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