amsterdam
me encontro nos acentos novamente
faz um sol lindo
as orquídeas dos restaurantes chineses são brasileiras
nessa cidade, a mais interessante que já vi
e só faz dez horas que estou aqui
clarezas repentinas e o fim da doença,
todo primeiro dia em uma nova cidade vai ser assim?
devolver à terra o sal da terra,
ao chão, vivendo
uma desterritorialização diária e nela, o corpo limpo de tantos combates depois da gripe
e choro
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no ônibus para cá fiz um amigo indiano,
menino de tudo, franzino, de 20 anos, com cara de 16, com um inglês de pronúncia confusíssima, hinduísta, morando por 3 meses no norte da frança. depois de umas duas horas de conversa ele me perguntou o que eu vinha fazer em amsterdam e eu, meio desconversando de uma pergunta tão radical (ando me desviando de perguntas radicais quando elas são falsas), respondi ah, van gogh museum, etc, foi ele quem falou em grass and weed, e eu, interessada em perguntar pra ele sobre as castas (que ele me disse que não vigoram na realidade atual e que money, etc), mudei de assunto entrando em outro exotismo, contei a ele que "mushrooms in the cow's poo, you know, you have a lot of cows in india, don't you?", no meu inglês menos capenga que o escrito, e ele ficou surpresíssimo dizendo que não sabia que são alucinógenos e quando eu disse, mas as vacas são sagradas, não são?, ele me respondeu "Yes! but we drink the milk!", e eu pensei, que o diga a merda delas, mas não disse, a tudo tenho respeito, e nesta globalização, espero ter instaurado um novo nível de experiência meditativa na Índia central,