2.6.08

Fazia frio em São Paulo, Ana, nevava e, entre pessoas que falavam de você, seus retratos. Sempre linda e eu não conseguia passar da segunda linha.

Falava de você um namorado, ou ex-, te digo, ainda um apaixonado, você fantasma, se é que me confundo e ele já era gago antes de você se jogar da janela. E olhando pra ele e me perguntando: era bonito? Será que era bonito quando você o conheceu? Você via, ele dizia que você o sacudia, você sabia tão mais, tanta inteligência descolocada e você se atraia por tentar a poesia de dentro daquela dificuldade e implodia com ele.

Dos dias de hoje conto que sucesso para os ácaros, essa profusão de poetas ,Ana. Na tela do computador ainda há ácaros Ana. Você não teve tempo de conhecer o Microsoft Word, Ana. Você iria gostar, Ana? Conheces alguém que não gosta? E quem gosta de fazer sucesso para ácaros?

De resto eram mulheres falando de você e as que não te conheceram diziam com cuidado em dizer que não era a mulherzinha no confessionário histérico, a sua beldade toda era cenário e a outra, tua professora, dizendo de um jeito quanto te amavas, que te amas e que a ela você não engana, querida. Te amamos também, se era isso que você queria.


Na manhã seguinte acordei finalmente sem usar o passado no lugar do presente como se falasse de um futuro. É de noite, estou em São Paulo, amanhã seria teu aniversário de 58 anos. Mudança drástica no. 2 : abandonar o discurso.

Você era uma idiota, Ana.

Um comentário:

sabina anzuategui disse...

Gostei disso. Também do post aleatório. Você já viu uma "máquina de textos" de um escritor português? É coisa dos anos 90... a partir de umas frases, geravam-se contos aleatórios por recombinação.
Bjs!

 

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