se eu não começar a escrever nesse inverno tudo vai ser destruído. lembro de chernobyl: as batatas sobreviveram? sei que no dia que começa a nevar é preciso estar afinada, dedos congelados não funcionam se grudam no metal. as pás elétricas não. o médico chinês fala a respeito do problema de morar na frente de geradores de energia. sinto tédio? chá de camomila com maçã foge do gengibre que ele me recomendou. pergunto para a flora que me olha de cima da geladeira:
-e você? o que pensa do universo como um todo?
ela me olha mais. e salta no tampo da mesa, quatro metros dali, escorre na cadeira e pega a mais recente bola de papel que resgatou do lixo. isso foi antes de comer meio pacote de chá de ginseng. agora ela realmente crê que o sofá é o godzilla a ser exterminado e meu ombro o seu comparsa de pouso em tal empreitada.
afasto a gata, pego um giz de cera que desliza pelo sulfite em rasuras e a merda do frio continua me espetando. eu não sei. cansei de esperar.
e penso no interesse de uma literatura da falta de assunto.
(não, não é sobre a falta de assunto.)
6.5.06
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Um comentário:
mas agora temos lãzinhas sobre os dedos preguiçosos! à exemplo da flora, mexa-se que o frio passa. (samba na sala e volta pra cama: samba, julia-a-a, samba)
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