sábado
estou tentando amestrar a mão esquerda para que ela viva sozinha. caso a outra, pele de cobra, travesti presenteada dos adornos materiais, anel de prata, pulseira de ébano, realmente hipertrofie. será a esquerda que a presenteia, por que entende dessas coisas sentimentais?
meu jardim-da-infância para sempre, inerte de ser a outra que assiste, agora própria fazendo o trabalho, a esquerda escreve à máquina, meio débil, no computador, corta o pão e também saliva. mas, somente quando desenha é que a direita não se entedia. love will tear us apart, again.
domingo
tudo tem um cheiro que se estende pela sala.
toda coluna será castigada. já dizia jabor rodrigues.
- - -
(à noite)
as duas pessoas que quero nesse perto-longe se chamam marcos.
esse falou de mim no setelinhas, rinhas de galo, um dia animado.
1968?
quando eu tinha 11 anos, minha vó me deu de presente uma viagem para a disney. foi terrível. eu era grande demais, já tinha pânico de homens vestidos em pelúcia e, como, por economia, fui com uma agência de viagens pequeniníssima, era eu sozinha misturada num bando de famílias de uma zona oposta à minha na cidade. se já entendesse de coisas que entendo hoje, teria observado a realidade lisérgica do universo em derretimento, mas na época fui me transformando mesmo no alienígena que me viam. tudo isso para dizer que lá comprei uma camiseta em que o pateta era um cientista com a frase: "the future is now or is tomorrow?"(detalhe que eu sabia lhufas de inglês e achava que "tomorrow" era "yesterday").
- -
anotação posterior: cecília mandou esse link sobre o assunto.
- -
preciso de mais uns quarenta anos para falar sobre meu 1968.
mas, por enquanto, se o mundo é mesmo um espetáculo, meu bem, melhor ser platéia cativa do que estrela do panteão nacional? as minhas apostas: desconfio de quem acha as coisas, num geral, feias e me importo com aqueles que contracenam e sentem dor. com os outros, comigo, com eles. e acredito que existam: intimidade, calor e frio.
o estômago é o novo coração e o coração é o novo leão.
estou tentando amestrar a mão esquerda para que ela viva sozinha. caso a outra, pele de cobra, travesti presenteada dos adornos materiais, anel de prata, pulseira de ébano, realmente hipertrofie. será a esquerda que a presenteia, por que entende dessas coisas sentimentais?
meu jardim-da-infância para sempre, inerte de ser a outra que assiste, agora própria fazendo o trabalho, a esquerda escreve à máquina, meio débil, no computador, corta o pão e também saliva. mas, somente quando desenha é que a direita não se entedia. love will tear us apart, again.
domingo
tudo tem um cheiro que se estende pela sala.
toda coluna será castigada. já dizia jabor rodrigues.
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(à noite)
as duas pessoas que quero nesse perto-longe se chamam marcos.
esse falou de mim no setelinhas, rinhas de galo, um dia animado.
1968?
quando eu tinha 11 anos, minha vó me deu de presente uma viagem para a disney. foi terrível. eu era grande demais, já tinha pânico de homens vestidos em pelúcia e, como, por economia, fui com uma agência de viagens pequeniníssima, era eu sozinha misturada num bando de famílias de uma zona oposta à minha na cidade. se já entendesse de coisas que entendo hoje, teria observado a realidade lisérgica do universo em derretimento, mas na época fui me transformando mesmo no alienígena que me viam. tudo isso para dizer que lá comprei uma camiseta em que o pateta era um cientista com a frase: "the future is now or is tomorrow?"(detalhe que eu sabia lhufas de inglês e achava que "tomorrow" era "yesterday").
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anotação posterior: cecília mandou esse link sobre o assunto.
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preciso de mais uns quarenta anos para falar sobre meu 1968.
mas, por enquanto, se o mundo é mesmo um espetáculo, meu bem, melhor ser platéia cativa do que estrela do panteão nacional? as minhas apostas: desconfio de quem acha as coisas, num geral, feias e me importo com aqueles que contracenam e sentem dor. com os outros, comigo, com eles. e acredito que existam: intimidade, calor e frio.
o estômago é o novo coração e o coração é o novo leão.
4 comentários:
Gostei do desenho.
Você já viu o caderno da Ana C. que foi publicado em facsimile?
A não importa o que há no fim de
um branco afã de nossa vela,
tim-tim!
[copos quebrando, porque foi com a mão esquerda, essa boba]
sabina,
se for o caderno de portsmouth - colhchester eu ganhei do meu ex-namorado uns quatro anos atrás. e eu desenho e escrevo nele também, feito um caderno em branco! como se assim, sei lá, pudesse mesmo transgredir o mito que a escrita da ana cristina césar me dá, de uma confusão da palavra de ser de quem?
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anônimo
sei quem és na manhã fria do meu bem e dos nossos significados
vamos fazer um reveillon sempre no segundo encontro?!
bacci
O estômago sempre foi o coração, mas só agora estamos descobrindo isso. Tem o diafragma e o fígado, também.
(o comentário excluído tinha um "agora" a mais)
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