28.8.06




Podem falar um pouco sobre suas influências históricas? Bem, nós escrevemos em três línguas diferentes – inglês, coreano e francês. (Colaboramos com outros quando se trata de outras línguas.) Cada uma tem toda uma bagagem de história e cultura. A língua é a essência da internet, o verdadeiro portal para a utilização da web. Escrever, ler e conversar em inglês na internet é justificar implicitamente uma certa história. Alguns governos não mais proíbem ou queimam livros, eles impedem o acesso à web, o que significa que justificam uma história diferente da nossa, que utilizamos o inglês. Por isso, a opção de língua é provavelmente a maior influência histórica em nosso trabalho. E as influências literárias ou artísticas específicas, como aparecem em suas obras? Bem, DAKOTA, por exemplo, é baseada numa leitura minuciosa dos “Cantos I”, e parte dos II, de Ezra Pound. É claro que não é preciso conhecer essa obra para apreciar a peça. Outras influências culturais em nosso trabalho são Marcel Duchamp, que um dia decidiu parar de pintar dizendo que estava cansado de sujar as mãos; Roy Lichtenstein, que encontrou um vocabulário artístico simples e o preservou; e Andy Warhol, que, mais que o governo chinês, conseguiu com seus retratos de Mao dar uma certa face à China. Vocês podem ajudar os leitores a “situar” seu trabalho em termos de tom? E o “visual” de seu trabalho? É bastante óbvio que o “tom” ou a “voz” da literatura na internet é mais distante e difícil de “situar” do que a escrita tradicional. A simples embalagem de um livro fala muito sobre o livro e o autor; a embalagem do browser é genérica. Os autores da internet podem ver isso como um problema, ou considerar um alívio da moda crítica de ver biografia em qualquer aspecto da literatura. Quanto ao visual de nosso trabalho, fazemos o que podemos. Nunca nos interessamos por design gráfico (muitos artistas da web – e mesmo escritores – começam como artistas gráficos). Existem centenas de fontes, milhões de cores, e não sabemos o que fazer com elas. Assim, para responder à sua pergunta, não, não podemos e não vamos ajudar os leitores a nos “situar”. Distância, desterro, anonimato e insignificância fazem parte da voz literária na internet, e nós apreciamos isso.

(Y0UNG-HAE CHANG HEAVY INDUSTRIES PRESENTS)

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