2.10.09

"O amor é individual ou, mais exactamente, interpessoal: amamos unicamente uma pessoa e pedimos a essa pessoa que nos ame com o mesmo afecto exclusivo. (...) O desejo de exclusividade pode ser um mero anseio de posse. Esta paixão foi analisada com tão grande subtileza por Marcel Proust. O verdadeiro amor consiste precisamente na transformação do apetite de posse em entrega. Por isto pede reciprocidade e assim altera radicalmente a velha relação entre domínio e servidão. O amor único é o fundamento dos outros componentes: todos repousam nele; além disto, ele é o eixo e todos giram em volta dele. A exigência de exclusividade é um grande mistério: porque amamos esta pessoa e não uma outra?"

A chama dupla: amor e erotismo. Octavio Paz, em tradução de José Bento.

2 comentários:

1% disse...

este livro hipnotizou-me quando o li há uns anos atrás. fiquei fascinado com a inteligência do amor.

felizmente, passou-me :•D

júlia disse...

pois, o Octávio Paz (nos ensaios) tem mesmo isso comigo também. eu fico hipnotizada, mas depois acho nada.

e eu acho que esse livro é um livro de velho, sabe? é o último dele, afinal.

acho que ele viu muito e viveu muito e se acalmou.

eu gosto como ele vê o amor como uma liberdade de escolha e uma fatalidade do acaso, dessa duplicidade obrigatória.

acho bom.

e eu gosto como ele consegue transitar no "ideal", sabe? e também do modo como ele fala claramente, coerentemente uma meia-dúzia de clichês.

mas na prática é um olho-de-furacão. se é.

e eu espero que não me passe nunca, o amor! nuno!!! prefiro queimar as mãos do que anestesiá-las.

:3)

(sou uma vaca, um búfalo, uns seios no lugar de nariz!)

 

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