23.10.09

I

quando se fez um som: branco, parecia que alguém o calculava. entre precisão e desdém, um sopro concentrado no ouvido de alguém, a dizeres: quero-te, meu bem. e uma dobra de onda, vaga, esse desejo, meu cão, ao pé de presente, agora lambe suas mãos entre os dedos, salina viagem.

para atravessar o silêncio era preciso estar nele. ver as roupas que de molhadas se encheram de areia grudada e pensar: nada dizem essas minhas roupas longe da cidade? habitei dia a dia dentro delas, habitei dentro delas, se não me eram incógnitas, era eu a dúvida?

mas se eu sabia que te desejo assim como a uma casa, um prato de comida, um gato, o Museu del Prado, e um poema, não era isso já saber bastante, destino? eu que podia me satisfazer com um espelho e um destino de ninguém agora já não posso. escuta, fecha os olhos que eu estou aí. construo, reconstruo, adivinha se gosta de mim? mas desde que te conheço todo entulho, resto, nunca vai dar no mar.

espécie de salvação da espécie: um projeto: salvar o oceano.

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