ontem às 4h da manhã estava escrevendo cartas e conversando sobre diários e a ladeira-abaixo-que-anda-o-flickr, a ilana me mostrou isso aqui. depois de ver e calar, com uma vontade fatal de tomar outro café e comer chantilly, com a certeza de que em algum lugar da cidade haveria um balcão aberto servindo ambas as coisas, pensei que era um pouco caprichosa demais em sair com um táxi pra comer chantilly sozinha e não-grávida e disse a ela que ia tentar dormir, porque, como acordar tem sido que só lembro dos negativos, tenho evitado cada vez mais a hora do sono.
eu fazia muito isso quando era criança, dizia que tinha medo de dormir, assim como nunca saia no jardim quando era noite de lua cheia, por medo de que ela tombasse sobre as cabeças. meu pai me contava a história da Odisséia, longa história que nunca acabará e me ensinava relaxamentos, ele mesmo, que só dorme 5 horas por noite com seus ombros duros. e hoje me pergunto: o medo que me lançava, será que era por isso? será que era não pelo dormir e o apagar, mas por essa sensação de que acordar é sonhar e dormir é descrer? e que, portanto, o sono me entrega a uma re-atualização constante na hora de acordar?
estava pensando nisso já na cama. o som dos ônibus que começam a circular na rua me acalma. posso me concentrar em algo que não seja o silêncio do domingo para a segunda. deixo o otávio paz de lado, apago o abajour itinerante (é o único que funciona e vai comigo para o cômodo em que estou) e resolvo dormir. minha cabeça dispara. textos textos textos. homens homens homens. de repente vejo, realmente, um homem de costas e todo de branco acendendo uma vela sobre a cômoda da minha sala. levanto apavorada. quando chego na sala percebo que a cômoda não está no mesmo lugar que na imagem que vi. tento me lembrar se ela já esteve em outro lugar. se alguma vez algum homem todo de branco já esteve aqui. me sento no sofá. espero o dia clarear. então volto a cama e consigo dormir.
eu fazia muito isso quando era criança, dizia que tinha medo de dormir, assim como nunca saia no jardim quando era noite de lua cheia, por medo de que ela tombasse sobre as cabeças. meu pai me contava a história da Odisséia, longa história que nunca acabará e me ensinava relaxamentos, ele mesmo, que só dorme 5 horas por noite com seus ombros duros. e hoje me pergunto: o medo que me lançava, será que era por isso? será que era não pelo dormir e o apagar, mas por essa sensação de que acordar é sonhar e dormir é descrer? e que, portanto, o sono me entrega a uma re-atualização constante na hora de acordar?
estava pensando nisso já na cama. o som dos ônibus que começam a circular na rua me acalma. posso me concentrar em algo que não seja o silêncio do domingo para a segunda. deixo o otávio paz de lado, apago o abajour itinerante (é o único que funciona e vai comigo para o cômodo em que estou) e resolvo dormir. minha cabeça dispara. textos textos textos. homens homens homens. de repente vejo, realmente, um homem de costas e todo de branco acendendo uma vela sobre a cômoda da minha sala. levanto apavorada. quando chego na sala percebo que a cômoda não está no mesmo lugar que na imagem que vi. tento me lembrar se ela já esteve em outro lugar. se alguma vez algum homem todo de branco já esteve aqui. me sento no sofá. espero o dia clarear. então volto a cama e consigo dormir.
2 comentários:
F. Chopin e erva cidreira (suco no verão e chá no inverno). E tem dia que funciona.
Gostei muito do parágrafo do chantilly, e da música do P.M.
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