lisboa
julho de 2008
é verão e ao corpo de todos isso se grava neste continente. dizem «aconteceu num verão», e eu entendo como «a mais maravilhosa das épocas, quando fazemos coisas que não fariamos se não fossemos nós mesmos».
vejo cegos por toda a cidade
dois, cinco num mesmo dia
sobem nos elétricos, nos comboios, nos autocarros e seguem vivendo a escuridão em lisboa por toda a vida. parece uma espécie de punição divina, pela cor, pela luz,
nazaré me diz que estes cegos só aparecem para mim
e o camões e o vasco enterrados no mosteiro jerónimos, o navegante no escuro, o poeta embaixo da grande luz que vem do vitral, entendi que essa é uma terra de poetas e que não há como não ser fernando pessoa e pintor nessa cidade, e partir do corpo em heterônimos, quem me derá estou conseguindo só estar em ser uma só desaparecida, sumindo tudo que sei de cor, enquanto o sol me bronzeia as mãos nas ruas
ontem cantava pela cidade versos de um disco que ouvia com cinco anos:
água tanta deu na pedra
que até fez amolecer
isso é o tejo, que é mesmo dentro da gente, que é largo, pensamento e ação, retira de mim tudo que é um estado definitivo das coisas
- - - -
carne
seja a casa onde for
construir estantes
no pensamento de derrubá-las
forrá-la com flores no papel de parede
e livros de capa branca
forrar todos os livros
todas as páginas dos livros
de branco
com algodão secá-los
da úmida solidão
do que está escrito.
18.7.08
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
ju fiquei com vontade de te ver...
quando voltar, me ligue ou passe em casa.andrea aly
azarro^
baby je veux te voir
antes de voltar me ligue ou passe em casa
apesar de que eu nao tenho nem telefone nem casa
isso a'i, beijos ilana lichtenstein
Postar um comentário