25.7.08

de sobre a rocha

uma folha quase em branco das minhas tentativas
tentou voar ficou presa nas pedras mas daqui ouço
seu desfolhar

venta venta venta

de manhã cedo tentei vir aqui
quando fui à caminho do que eu não via, andei andei e do alto da cidade a rodovia olhei um sítio com pedras crescendo e pensei que eu queria estar lá mas não sabia como
e fatigada por não saber olhar a terra que não acaba sem fim, voltei para casa almoçar,
e de pois, no fim da tarde, saí andando sem rumo como sempre, andando, e de repente estava numa porta da cidade, bem em frente onde eu tinha me esquecido que queria ir cedo e fui andando andando até que cheguei nas rochas crescendo fincada uma cruz e andei mais pra baixo um espinho entrou no meu pé nem liguei andei andei
até que me sentei nas pedras e o musgo laranja e cinza me adormeceu toda intranquilidade e escrevi:

é julho
o mês que tem o nome do menino que em mim festeja de tudo
a terra é tão extensa que assim só conhecia o mar
e eu e eu eu e eu
com o ouriço enfiado na testa e rindo
e à noite, quando fico bem quieta, meu ouvido é uma concha em qual se ouve o rugido

- - -

e depois voltei para casa,
olhos cinzentos que brilham
me contaram que naquele sítio em que eu estava aparecem raposas! e javalis!

javalis! e que são perigosíssimos, que atacam, que o melhor ao se deparar com um é não me mover, não correr e torcer, torcer.

será que ele me daria um beijinho?
de nariz de javali?
será friozinho?

- - - -
fotos em maisqueumarbusto

2 comentários:

marcio leandro disse...

dia desses eu vi um filme que eu acho que você ia gostar. se ainda estiver em cartaz quando você voltar, dá uma espiada.
ah, sim, chama "nome próprio", do murilo salles.
beijocas.

Sérgio disse...

Esqueci-me de avisar: seu postal chegou. Nunca recebi um postal que tive de ler várias vezes e cada vez que eu li, li algo diferente. Achei genial porque incomoda (no bom sentido, claro). E o melhor: chegou junto com uma edição do Alcorão que ganhei.

Beijo.

 

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