7.12.07

fado

Tu não sabes ao que me submeteram,

Colocaram o Rei num grande barco, para visitar o além-mar, só dento me avisaram o impossível regresso, dizendo-me que um dia, quem sabe, poderia eu voltar, caso a terra girasse ao contrário, mas que vontade deles de me jogar no mar.
Da terra eu trazia cinco ou seis pedrinhas, que me agitavam o bolso num lamento inútil "pedro, queremos regresso" e quem não quer, quem não quer!, minha pobre ânsia lançada ao Atlântico. Mas também me livrarva da necessidade de partir ao meio o homem que esperam de mim e o homem que quero lançar ao mar, correnteza de cinqüenta pés, temperatura de vinte e três celsius, só Deus sabe como venta, tanta umidade no mar.
Se tivessem o feito com meu pai, bem que ele iria gostar, despregado feito a terra estivesse debaixo dos seus braços, ou quem sabe, talvez sequer notasse, talvez nem Domitilia chorasse e ausente aquele homem, se... Porém eu, o filho, como acontece sempre aos reis, eu filho de Rei e Rei, me lanço as pedrinhas do solo fértil, estéreis em meu bolso, a perguntar:
-por quem me tomam, Pedro?

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para que me retirar deste modo junkie de estar me levantando da cama e apagando a fumaça, se o mundo continuará distante, cartas de suicida por debaixo da porta quando o interfone toca, os amigos me trazendo rostos com lições que não quero, bilhetes de afogados, personagens que não sabem se cuidar, correntezas de pensamentos; e todos os horóscopos me dizendo que é hora de procurar entender o porque de que, recorrentemente, perco o senso e a vontade e a fé em tudo.

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