foi no ano que eu mudei de casa. era cavalar. tudo múltiplo e inacabado. passei 3 meses pulando nas casas da família que podia me receber. agora tenho medo de te telefonar. deixei minhas coisas na menorzinha, no mato, que quando eu falava com algum europeu dizia "mato" se era latino-americano "campo", só pra averiguar a diferença. acontece que eu sou baiana.
quando abri a caixa, de primeira vez, falava-se que seria duro e um canto sem canto. escolhia o que levar, o que ficar pra trás. a segunda caixa o inverno tinha meus sapatos mofados de verde. eu entendi como um recado, nesse meu ano de dois outonos-e-invernos que a primavera é a minha grande expectativa em 2010. o inverno não é brincadeira não. a terra toda se vai mesmo pra dentro dela mesma.
hoje aqui chegou o outono, parece. andei por aí e tinha cor de europa no eutono. as folhas caídas no chão secas, o vento, o branco ficando cinza. é preciso encontrar o amor e aquecê-lo. ficar bem magra pra não adoecer. ter gordura o suficiente pra não enlouquecer.
e as minhas coisas todas naquelas caixas de papelão ficaram pra lá de mim. como pode um corpo, de repente, ter que não precisar de nada?
aqui em Lisboa sinto falta dos meus amigos de anos, dos meus gatos e dos meus livros. o curioso é que estão vindo do Brasil minha obra completa do Herberto Helder e também a do Al berto, ao passo que me encontro em não lê-los no momento. pensei em pedir emprestado um ou dois, mas seria o disco novo tocando parado. os livros que já são meus ainda não são meus. e o correio me faz esperar. todo dia por volta do meio-dia uns miúdos tocam a campainha. moro no 3o andar sem vista pra rua e o interfone não funciona. é claro que não desço. e penso: meus livros ah meus livros?... abro a caixa da correspondência e já me chegaram 3 cartas de aventura ultra-mar, que mais eu posso querer? os livros, ah os livros.
*
agora voltei a olhar as coisas e as pessoas e a pensar em histórias, compor narrativas.
comecei a contar pra mim mesma ontem quando voltei pra casa a composição de um poema até começar a comer / a satisfação do estômago sossegou meu vocabulário farto.
e
acho que o "cantos de estima" acabou. embora em mim nunca.
quando abri a caixa, de primeira vez, falava-se que seria duro e um canto sem canto. escolhia o que levar, o que ficar pra trás. a segunda caixa o inverno tinha meus sapatos mofados de verde. eu entendi como um recado, nesse meu ano de dois outonos-e-invernos que a primavera é a minha grande expectativa em 2010. o inverno não é brincadeira não. a terra toda se vai mesmo pra dentro dela mesma.
hoje aqui chegou o outono, parece. andei por aí e tinha cor de europa no eutono. as folhas caídas no chão secas, o vento, o branco ficando cinza. é preciso encontrar o amor e aquecê-lo. ficar bem magra pra não adoecer. ter gordura o suficiente pra não enlouquecer.
e as minhas coisas todas naquelas caixas de papelão ficaram pra lá de mim. como pode um corpo, de repente, ter que não precisar de nada?
aqui em Lisboa sinto falta dos meus amigos de anos, dos meus gatos e dos meus livros. o curioso é que estão vindo do Brasil minha obra completa do Herberto Helder e também a do Al berto, ao passo que me encontro em não lê-los no momento. pensei em pedir emprestado um ou dois, mas seria o disco novo tocando parado. os livros que já são meus ainda não são meus. e o correio me faz esperar. todo dia por volta do meio-dia uns miúdos tocam a campainha. moro no 3o andar sem vista pra rua e o interfone não funciona. é claro que não desço. e penso: meus livros ah meus livros?... abro a caixa da correspondência e já me chegaram 3 cartas de aventura ultra-mar, que mais eu posso querer? os livros, ah os livros.
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agora voltei a olhar as coisas e as pessoas e a pensar em histórias, compor narrativas.
comecei a contar pra mim mesma ontem quando voltei pra casa a composição de um poema até começar a comer / a satisfação do estômago sossegou meu vocabulário farto.
e
acho que o "cantos de estima" acabou. embora em mim nunca.
Um comentário:
acabou?
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