24.5.09

mudança de endereço





vontade de te contar/



lembra de ser criança e dizer infinito vezes infinito e ver assim quem ia ter mais?
era uma questão de fôlego e de empate.
fechando os olhos é a grande explosão.
as galáxias, meu filho, não tenho nada menos do que elas.
um dia desses eu disse para três homens numa roda que o esperma e a via láctea eram a mesma coisa em partimentados espaços. um deles ficou tremendamente seduzido. acho essa metáfora belíssima, mas não consigo escrevê-la num poema. ainda. é um pouco demais. esses dias também vi um equilibrista do tamanho de um grão de arroz numa linha imaginária. foi uma grande amiga que voltou me dizendo que se pá ainda não tava bom e eu dei pra ela o durango kid e agora a gente mata moscas sobre o balcão no verão mais quente. quando eu lia carson mccullers o inverno parecia o oeste. foi meu pai que me deu. a ana cristina césar também. num mesmo verão, na bahia. foi o verão que eu li quincas borba memórias póstumas o cortiço dom casmurro que eu não entendi nada. foi quando a prosa que me venceu, porque convenhamos, a-poesia-né-a-poesia. mas daí, a prosa apareceu w foi o verão que eu decidi que ia estudar letras. foi foi. verão. bahia. eu não ia pra praia de dia. achava tudo tão estranho e violento no dia ensolarado. então eu dormia quando clareava e dormia. e acordava e eu só lia. e não havia na vila lâmpadas de mais de 60w pra vender. nesse verão já tinha guardanapo. no anterior, que foi o que eu me apaixonei e ele parecia o princípe william e meu deus ele me quis também

(principe e folego são duas palavras que eu nunca sei onde é o acento. uma palavra que eu escrevo sempre em dúvida também é "for", o verbo. olho para um lado e outro e isso é a minha língua? mas quem inventou uma grafia tão estranha assim prum ar que escapa entre o lábio e - - será que os linguistas são mais sensoriais do que nós? - - )


e foi a noite que iluminou nossos rostos de fogueira a luz verde no céu e eu bati uma moto numa caixa de água por causa do areião tudo branco e quase desmaiei quando queimei a perna no escapamento eu e o duda a gente estava muito longe nesse dia. ele achou uma nota de 5 reais na tarde em que mergulhávamos no submundo das algas. outra vez os morcegos me acordavam às 5h e eu ia dormir às 21h, foi um prazer foi um mês todo sozinha eu andava horas por dia e o sol e só havia dia tomei um ácido e fiquei olhando as formigas e descobri também que eu era absolutamente a mesma coisa que as ervinhas e eu costumei dizer que foi quando aprendi a alegria e não o suicidio e voltei pra casa e dei de comer banana aos macaquinhos que viviam no flamboyant e numa outra tarde tirei toda a roupa e fui até a praia nua e voltei pra casa nua e assim fiquei umas horas sem nenhuma espécie de lembrança de estar sem roupa. nessa mesma eu ainda lia mais do que qualquer outra coisa


papai e mamãe, num fim de tarde

e teve uma outra vez lá que eu conheci o alfredo e a clarisse, com uma semana de diferença.

tudo janeiro.


2 comentários:

i. disse...

Que lindo.

vina apsara disse...

chuva!

 

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