em Amsterdam um dia em julho segui um rapaz mais novo durante horas. por ser atrás, lembro mais da mochila dele do que do rosto. sei que era moreno, não-alto, cabelos lisos, magro e tinha os ombros daqueles que se encontram para o centro do peito. agora, a mochila era uma eastpack, ou jansport, azul-marinho, como a camiseta. essas coincidências que a vida nos dá -para quem está atento, disse-me uma vez um josé miguel- três dos homens que amei usavam uma mochila dessas e dessa cor. ele não foi um quarto.
a solidão me encantou como se eu fosse a fumaça do cigarro que às vezes ele acendia e me carregava pela trilha a leveza com que andava, me colocando um ritmo de humildade fora do espaço da desbravadora num país tão estrangeiro como é a Holanda. Eu não podia falar com ele. era o desconhecimento que me encaminhava. e não queria mais nada de nós dois que não fosse esse amor dilatado por se deixar ir. e como explicar que ele fez o mesmo caminho por muito tempo? andava em círculos! expressão precária. na quarta vez em frente a uma loja de chocolates, entrei. imagino que se tivesse esperado quinze minutos, ele por ali re-apareceria. mas o chocolate negro ali foi o melhor da minha vida e mudei de rumo?
não. cravada com os olhos na nuca, e ele nunca olha para trás, mas todas as vezes que me faço ver, ele me vê. perto das tulipas, ele me viu diretamente. embora tenha a garantia de que não percebeu a perseguição, confesso que seus olhos tinham sustos comigo.
não. cravada com os olhos na nuca, e ele nunca olha para trás, mas todas as vezes que me faço ver, ele me vê. perto das tulipas, ele me viu diretamente. embora tenha a garantia de que não percebeu a perseguição, confesso que seus olhos tinham sustos comigo.
pois, na verdade, eu ainda o sigo.
e ainda tenho certeza de que a língua que lhe era mais natural, era o português.
- -
falando em Holanda
e esses conhecidos
todo mundo lendo a Angélica, vamos
Nenhum comentário:
Postar um comentário