17.12.08

terra

ou estou aqui sentada no mesmo lugar em que me sentei. quando? poderia dizer, lia um livro ou outro, passava as noites com quem, mas, não há. não há nada disso. nem os pés são os mesmos. cada época mutante, cada uma um modo de escrever diferente que existe, vai na minha frente e quando quase o alcanço, gira-gira. sou toda uma série de gerações. performática, silenciosa, cinzeiro. diferença entre a da poesia e a da crítica? somos duas. há muito vejo engenhismos. um ruído de roldanas que hora ou outra me impede de dormir.
ou saudades de alguém no meu corpo. enquanto isso, ausência, só ausência. e a pessoa desmedida em ser um buraco. não sei qual das duas não acreditava na existência do amor.
ou uma menina se levanta e pega a terra vermelha da poça e espalha pelo dedo indicador, atravessa a rua angular do antebraço com um risquinho de índio apache: o tracinho: confia, diz-me mãezinha. confia que tuas palavras sabem o que são: lagoa que vai dar em rio. se divertem alheias, não te desprezam como as do poeta, essas são tuas, não riem de ti, estão aos bolsos: existem. como também confia, confessa que achava que vinha da gente, mas não, chuva não são palavras, muito menos nossas, e não importa para elas, uma hora atingem a ilha de carne, um terceiro uso há de ser criado, mudo, enquanto não for hora de partir. agora isso é , só uma margem redonda, daquilo que chamam água.

4 comentários:

júlia disse...

quando eu me encontrava preso
na cela de uma cadeia
foi que eu vi pela primeira vez
as tais fotografias

ilana disse...

Gostei muito, julia. E vou gostar muito ainda

Flavia Lorenzi disse...

eu tb gostei de passar por aqui...

júlia disse...

gente paris no meu blogue!!!

 

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