tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa
tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e com elas quero construir um templo em forma de ilha
ou de mãos disponíveis para o amor
na verdade, estou derrubado
sobre a mesa de fórmica suja duma taberna verde, não sei onde
procuro as aves recolhidas na tontura da noite
embriagado entrelaço os dedos
possuo os insectos duros como unhas dilacerando
os rostos brancos das casas abandonadas, à beira-mar
dizem, que ao possuir tudo isto
poderia ter sido um homem feliz, que tem por defeito interrogar-se acerca das melancolias das mãos
esta memória-lâmina incansável
um cigarro
outro cigarro vai certamente acalmar-me
que sei eu sobre tempestades de sangue? e da água?
no fundo, só amo o lado escondido das ilhas
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão
al berto,
de sacanagem comigo.
22.10.08
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Um comentário:
demorado momento na breve leitura...
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