9.10.08

exorcismos

Ana C:

O tempo fecha.
Sou fiel aos acontecimentos biográficos.
Mais do que fiel, oh, tão presa! Esses mosquitos
que não largam! Minhas saudades ensurdecidas
por cigarras! O que faço aqui no campo
declamando aos metros versos longos e sentidos?
Ah que estou sentida e portuguesa, e agora não
sou mais, veja, não sou mais severa e ríspida:
agora sou professional.


Foucault:

Esse tema da narrativa ou da escrita feitos para exorcizar a morte, nossa cultura o metamorfoseou; a escrita está atualmente ligada ao sacrifício, ao próprio sacrifício da vida; apagamento voluntário que não é para ser representado nos livros, pois ele é consumado na própria existência do escritor. A obra que tinha o dever de trazer a imortalidade recebeu agora o direito de matar, de ser assassina do autor. Vejam Flaubert, Proust, Kafka. Mas há outra coisa: essa relação da escrita com a morte também se manifesta no desaparecimento das características individuais do sujeito que escreve; através de todas as chicanas que ele estabelece entre ele e o que ele escreve, e o sujeito que escreve despista todos os signos da sua individualidade particular; a marca do escritor não é mais do que a singularidade da sua ausência; é preciso que ele faça o papel do morto no jogo da escrita. Tudo isso é conhecido;

- -
esse segundo trecho é para agradecer pela carona de ontem.
e combinado ao primeiro
para todos nós que ainda tentamos entender a ana
pela janela
- -

o primeiro é prum sítio
onde fecho os olhos as cigarras acumuladas
me parecem uma luz branca de cozinha
de escritório paulista
que se acendem todas juntas num zum zum
e o caetano me dizendo, mãos nas coxas, no sofá:

hoje não tem fernando pessoa!
se vocês em política forem como são em estética,
estamos feitos
eu vim aqui para explodir

esse caribe de merda, viu
nove graus na universidade
onze na heitor
tão de sacanagem
comigo.

Um comentário:

Anônimo disse...

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/10/09/ult5772u1007.jhtm

 

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