7.9.08

ontem
joguei futebol com uns rapazes no vondelpark
um deles tinha um blackpower e era filho de surinamenses e outro tinha olhos longos e azuis e seus pais eram franceses
eram muito inteligentes,
e gostavam das florestas tropicais sem nunca terem visto

à noite sai com meu amigo de navarra
procuramos um bar de blues que haviam nos recomendado
e quando nos perdemos sem o bar sentamos numa das pontes dos canais
e os fumavamos e ele me fazia rir
os pès dependurados sobre o canal
"aqi, en la venezia de europa las crianças solucionam problemas que nosotros" e pff, bufava com os dedos
depois cuspimos em uns barcos de sightseeing cheios de americanos
no teto de vidro de uns
dois ou tres

o ar era umido
e eu resolvi caminhar com ele atè o lugar em que havia visto o altar para a morte em outra tarde

em amsterdam as pessoas aproveitam suas vitrines de janelas das ruas para mandarem mensagens, no geral de venda. esse nao, alguem transformou sua sala em um ritual memorativo pra quem passasse: tu morres. nao era bonito, ironico, ou alegre. era para os outros ainda. e no fundo o espelho marcando isso tudo e na frente bacias cheias de coisinhas, galhos retorcidos e secos, alguma pintura classica em um cartao; caravaggio, acho. o miquel viu tambèm. me jurou que o osso era de verdade humana, que seu pai è mèdico, ele sabia. dessa vez nao tive coragem de me olhar naquele espelho amarelado. ele quis tirar uma foto mas eu nao deixei

"cambia tu idea hombre"

senti mais medo da pressao funda em que vive aquele que aquilo montou porque era noite
e quando voltamos andando o vento me destruia o rosto
percebi que os indices de fumaça nas minhas ideias haviam apagado tudo
caminhava muito querendo so dormir
percebi no vento minha idade real
sentia o tempo sulcando meus traços

ainda posso sentir.

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