foi preciso chamar a atenção das crianças
que tiravam frutos do pomar
e descascavam laranjas com facas sem corte:
não se ponham a arrancar as ervas do chão que a gente pisa
como meninas desprezadas e raivosas.
no pátio interno
depois de uma ciranda
é proposto pedagogicamente
que se faça um desenho feito um contrapeso do que a nossa cabeça pensa
e as crianças todas riem de satisfação
e o menino mais novo,
um cata-vento trazendo o cheiro do laranjal
veio na direção do meu amigo Lero - - - o guindaste,
e disse pra ele que não dava pra jogar aquele jogo:
-é a cabeça que pensa ou é o corpo inteiro?
o Lero que era só corpo
o Lero que não lia Sontag
o Lero quando se agitava
a gente ia junto pra praia
ele imensão pegava os prédios em redor com a sua garra
pegava as pessoas e as barracas de sorvete
arrancava as pedras do calçadão
tirava de mim toda essa lembrança
e lançava tudo ao grande verde.
feito tudo fosse aquário cheio de peixes
que um dia se descobre decorativo
e afunda no meio da água do atlântico
silêncio violento que se ouve do cais
e os peixes libertos todos
se põem a contar notícias de além-mar.
26.10.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
esse Lero que agarra tudo e d� tudo outra vez pro vede parece at� a J�lia.
muito lindo
muita linda também aquela cor: rosa-güido.
beibe, você precisa viver de fazer desenho animado
sabe? que tudo saí do bolso se o personagem precisa?
você faz o roteiro e desenha ou desenha e faz o roteiro.
daí a gente ri bastante deles juntas
e daí você bota neles bastante rosa-güido, em homenagem ao gato.
amor,
júlia.
Postar um comentário