26.5.07

debruçada na janela que não dá o saber do tempo, porque o sol é um visitante que se parece comigo e se despede antes de vir, fiquei olhando com inveja e carinho para o gato da janela do vizinho que mora encostado naquele vidro,
ali onde bate sol
percebo que sonhei com você. e ninguém vai saltar da janela ou sair da porta do banheiro para me fazer companhia nessa manhã tão fria. claro como isso só a exatidão que não sei quem é você?, mesmo que a imagem do seu corpo esteja presente, essa xícara de chá está mais próxima de mim do que o retrato do seu fatal lado esquerdo esforçado em se vestir como mamãe queria
reparei que o meu gato, quando crescer, vai parecer com o gato da janela do vizinho, como um heterônimo do sol e, que apesar de afônica e cheia de metafísicas,
estou de pé, acordada e repleta de esperanças
pois jamais tentei dormir sobre essas páginas
e te peço pra que veja na carne do poema o que já não é escrita, pois o gato vive em nós,
e fatalmente se sabe que isso já não é amor e talvez nunca tenha sido, é sempre crise
mas tão diferente da crise do sonho
em que eu te dava um beijo e te chamava de meu bem tão no canto da boca e me arrependia dessa também, coisas que me fogem pelos lábios, gestos tão ágeis e certos e logo tão ásperos.

2 comentários:

Anônimo disse...

que bonito é.

júlia disse...

merci,

 

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