eu era um avião dando voltas em berlim. com o punho encoberto no dourado, carregava um gerânio talhado em cada asa. nesses parafusos da alta-costura me escondia, o espadachim vestido de lataria, eu firmava a grande patente do céu, azul e doido, demais.
deixando em paz a germânia, voando em círculos, vivendo, como quem vindo se desfaz para trás, aeronave foi rompendo, reluzindo para cima. nem se via lá debaixo, quanto de mim partia. na cabine a conversa dum construtor com o meu pai. descubro que sou assim, tão sem dona de mim, nessa minha falta de cais.
a janela da cabine forçando, que não era de tais alturas, os botões convulsionando, não sei mais arranjar estrutura. e o painel do radar estoura. nesse caco o co-piloto perde a glote e eu aeronava, subindo, subindo o terror das aeromoças
enfim.
4 comentários:
Então, na verdade foram posts como este um que me fizeram lincá-la como tal, há tempos (eu não sabia que dava pra descobrir quem linca o que, mas este mundo da internet é um pandeiro).
Encontrei teu blogue no Orcutis, em verdade, através da comunidade "Vadiagem Civil". Decidi que um dia iria copiar descaradamente um nome de post, "Solto avós nas estradas, já não posso parar".
É isso. Espero que não se importe. Prazer.
Gostei bastante dos texto e da referência ao bowie...
viagem de ácido...
a primeira coisa que escrevi com intenção literária após adquirir noção foi convulsionada (um pouco) por space oddity. =)
gostei, juliá, e olha que em geral torço nariz pra gerúndio, mesmo quando no lugar certo.
beijos
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