9.12.06

vivi uma vida qualquer. para alguns, fui sem ir. para a maioria, passei numa ausência. você sabe, também, que se lembram pouco de quem não sabe cozinhar. mas do lado de cá, aprendi novas estruturas que tornam qualquer pato ao curry uma bobagem sem limites para a curiosidade ou o gosto.
por exemplo, pela intolerância que o homem tem com o que voa, nos filmes nos fazem ver de cima quando a vida acaba. eu gostava muito de cinema, ainda mais os que começavam logo pela morte de alguém, aquele gramadão imenso, mulheres de negro com guarda-chuvas e véus. mas o sentido correto é que vemos de baixo: não quero entrar em detalhes, mas do lado de cá: tudo é transparente: a terra, a água, as cinzas.
tudo é penetrável e novo.
minha mulher cobriu o caixão com a bandeira, cheia de medo das vizinhas notarem que ela a usava, desde os anos da minha impotência, como o pano de prato com o qual enxugava as canecas mais finas. é a louca pela louçaria!
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a tal da fita-amarela, gravada com o nome dela, não levei. não houve muita prudência no gesto da despedida.

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