24.8.06

o estio

já preferi o que não tive, mas jamais amei o perdido.
as aulas da história do H maiúsculo me envolviam, causavam uma emoção, que era uma espécie de enebriamento com a impressão de sentir uma força do tempo, como se o transcorrer das coisas fosse uma lança-atirada sempre adiante, sem repouso nem destino. a essa força empenhada, alguns chamam acaso outros deus outros estão a olhar os coquinhos que rolam até a areia, não me importa. mas o caso é mais preciso, que o que empolga, são os núcleos desse narrar, os pontos envolventes: se a história se conta a partir desse banco, os 'fatos históricos', são aqueles que substituiram um estado de coisas por outro, causando no tempo, e nos bons ouvintes, a impressão que ele pode ser de mais coragem do que tédio. quero dizer,

é como pedir, olhando para uma pêra: é o início do século, beibe, você poderia se casar comigo pra gente criar uma mutação bem-louca?
capisco?

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coração,
já que você pergunta, nesses últimos dias, li o deleuze falando que o escritor é alguém que teve o ouvido ferido por ouvir demais. li a ana c., escrevendo para uma amiga que ela chamava de 'coração', que aprendeu a não compartilhar as neuroses. entendo os dois, eles não se excluem, mas me dá vontade de colocá-los em oposição, num ringue, com três espectadores: sócrates, que dessa vez nasceu mudo; hipócrates esperimentando mescalina; e, por fim, o cartola. por fim, li o herberto helder dizer que 'eu sou um monstro, eu sou a noite, eu sou o que você chamou'. vamos até o fim, non?
sua,
j.

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