29.4.06

bem aventurados os nascidos em abril

pelo aniversário da clarisse, que foi dia 18, a tradução de G.H. Cavalcanti ao poema “Le morte chitarre” de Salvatore Quasimodo, allegro vivace assai:

Os violões mortos

A minha terra é sobre rios junto ao mar,
nenhum lugar tem voz tão lânguida
onde meus pés vagueiam
por entre juncos pesados de lesmas.
Não resta dúvida é outono: no vento esgarçado
os violões mortos vibram suas cordas
sobre a negra boca e uma mão agita os dedos
de fogo.
Ao espelho da lua
meninas com peitos de laranja se penteiam.

Quem chora? Quem chicoteia os cavalos no ar
vermelho? Pararemos nesta margem
ao longo das correntes de grama e tu, amor
não me conduzas frente àquele espelho
infinito: nele se miram rapazes
que cantam e árvores altíssimas e águas.
Quem chora? Eu não, crê-me: sobre rios
correm exasperados, ao estalo de um açoite,
os cavalos sombrios, os relâmpagos de enxofre.
Eu não, minha raça tem facas
que ardem e luas e feridas que queimam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
»

 

Free Blog Counter