14.9.05
(nice dream)
Penso que preciso escolher uma posição. Mas é a posição que me escolhe. Se metade das costas sobrepõe-se ao travesseiro começo a programar os 45min de divã. Não adianta nada. Viro pra esquerda, fico de lado. Na penumbra olho o outro travesseiro, com a chuva as fronhas molharam e coloquei uma camiseta branca no lugar. Lembro de um outro quarto em outra cidade, outro encostável de camiseta branca. Aperta o pulso, mordo o travesseiro, soco o ar. Tento me lembrar de quartos mais dormitáveis. A vida é irônica, até no paraíso tinham os morcegos! Repenso em três edições a mesma frase, a piada não vale, 'paraíso' teria que perder o desgaste. Me viro de bruços, o peito amassa, o ombro desloca, é difícil respirar. Era por isso, então? Quando eu era pequena, sofria de gigantismos imaginários na hora de dormir. Às vezes de olhos fechados, eles por vontade deles apertavam-se numa pressão diferente e era como um sopro que irradiava das duas órbitas pros ombros. Quando chegava nos ombros eu tinha certeza, iria inflar, todo o corpo em expansão, inflando. Cada noite que isso me aparecia, eu deixava ir um pouco mais além do que na vez anterior. Inflar e inflar, até que não suportava mais a aflição de estar deformada, quem sabe eu caia da cama? e abria os olhos. Ver é até hoje a minha única garantia.
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4 comentários:
quando é difícil comentar, é sinal de que é bom...
Gostei da citação do cabeçalho. É Montale?
clap clap clap ieaaah
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salvatore quasimodo, sérgito. e você também está de blogue novo, né?
Na verdade é o velho mesmo, eu só troquei de endereço... o nome estava me enojando, preferi algo sem tantas referências óbvias...
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