3.1.07



ao acaso hoje li isso que me impressionou tanto pela compatibilidade do que escrevi aqui dois dias antes:

"Jodoigne, 23 de março de 1977.

Hoje reconheço esse sonho. Foi um sonho que tive durante uma noite do princípio do mês de Março. Um lago- enquanto eu dormia voltada sobre o lado esquerdo-, estava ao meu lado; era imenso, embora limitado pelos contornos de lago, espelhado, parecia querer ver-me calmamente dormir.

hoje, dia 23, acordei susceptível, mutável, dispersa na concentração de ligar várias imagens. Lágrimas, sempre à frente dos olhos. Conheci- porque a vigília do lago me veio à idéia-, esta coisa simples sobre as mortes. Eu já fui, em verdade, lago- sua borda de terra-, o corpo dessas reminiscências está em mim; apodrecer é o meio de voltar à terra, à água do lago, de trazê-los e levá-los consigo. A morte é a noite obscura desta passagem, o único meio de sublimar a pedra cativa.

meu pai era um lago rodeado pelos meandros de minha mãe; se ele tivesse sido a lagoa escura, as montanhas que o cercavam, olhava-as ele de cima para a imagem lacustre de fundo. Fui educada para saber que, quando se olha com profundidade, a profundidade é a superfície."

Maria Gabriela Llansol em Finita.
e essa foto é do Duarte Belo
 

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