14.9.07

mas nada é perfeito- nem o magnífico chapéu
de mademoiselle de noailles nem os dias que
aos ziguezagues vão passando iguais e monótonos
falta-me o tempo para procurar o tempo perdido
e não estou deitado na recordação da infância
confesso
que odeio escrever cartas ou enviar recados

do horto de incêndio, do al berto.

12.9.07

Houve um tempo em que todas as pessoas realmente admiráveis estavam mortas. Mortas! Quando resolvi procurar entre os vivos foi que me encontrei morta também. Ah o pântano o deserto o labirinto. Mergulhei até o centro da terra e não achei nada também. Resolvi putrefazer ao contrário. Pedir desproteção ao Estado que o indivíduo. E garantir que eu não garanto nada, amor.

Essa noite sonhei que estava deitada na areia da praia, olhando o céu enorme cheio de estrelas. Feito uma mulher primordial onde ainda não se traçaram as constelações, os signos e os destinos, cabia a mim escolher o desenho daqueles pontos de luz. De repente eu vi uma estrela cadente e eu queria fazer um pedido, mas não sabia o quê. Passou outra estrela cadente. Caiu mais uma. E eu não conheço o pedido. Acordei pensando que era isso: o que é que eu quero querer?

6.9.07

mas o que eu estou fazendo aqui
de novo na noite
se é meio-dia de sol imenso lá fora
e o que ainda arde em nós
nunca foi pela corda-bamba
só uma passeata de meio-fio
numa que às vezes chovia às vezes parava
e quando ventava me secavam as lágrimas
e isso foi desde o início
e é daqui pra segunda-feira também

os caranguejos come-dorme
vão até a praia marchando
sua verdade sanguinolenta
daqui só aparece mesmo
o trópico, o trópico

não há como viver nessa casa como se fosse uma caçapa
coube-me aqui aos sábados
a vizinhança tão vazia, que pena, ninguém aqui pra ouvir meu
joão gilberto no último volume
a cidade que te partiu,
 

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